sábado, 30 de janeiro de 2010

Vai um vinho pra relaxar?

Durante muito tempo de minha vida me posicionei contra drogas, bebidas e outros caminhos similares. Hoje revi meus conceitos e ampliei meus horizontes.

Sem dúvida alguma acredito que tudo em excesso prejudica o corpo e a alma. O sol que nos possibilita a vida em excesso mata. Isso ficou claro para mim a algum tempo.

Como diz Sigmund Freud, no seu livro "O mal estar na civilização", as drogas funcionam como uma mola para as nossas angústias que nos tiram por um momento da posição em que estamos. O problema, ele diz, é que depois voltamos para exatamente a mesma posição. Ou seja, se o intuito não é se deslocar, nem fugir, nem fingir, e sim ter uma sensação livre, diferente, uma respiração com calma e clareza, deve ser saudável.

Tempos atrás diria que no entanto um vinho a mais nos tira da realidade e do nosso centro. Uai, hoje eu mesmo me questiono, a paixão também nos tira, sol demais também, exercícios também, o tesão também, os sonhos, então, quase que nos carregam.

No livro "Sidarta", de Herman Hesse, o protagonista está em processo de purificação e junto a outro colega se deparam com uma zona, cheia de beberrões e concubinas. O amigo comenta: Olhe isso Sidarta, esses homens se entregando aos prazeres como um caminho de fuga, tentando desesperadamente sanar suas angústias. E Sidarta responde com calma: mas meu amigo, não é a mesma coisa que estamos fazendo ao buscar se purificar?

Os prazeres fazem parte do nosso corpo e vida, assim como os amores, as paixões, os sonhos, as palavras, os pensamentos. Com eu disse no post anterior, para mim, com força, determinação e clareza, tudo a favor é saída.

Alguém quer tomar um vinho para relaxar?

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Nada contra, tudo a favor

O Budismo fala isso. A psicologia fala isso. Algumas sábias artes marciais falam isso. Gandhi falou isso. Jesus falou.

Imagine um círculo com um ponto no centro dele. Pergunto: qual o caminho mais rápido e eficiente para o ponto sair do círculo?

A resposta é linda: qualquer um. Todos são equivalentes. Todos tem a mesma proporção. O único meio de não sair é dar voltas. Todos os outros, pro sim e pro não, saem.

A favor, para frente, corpo e alma.

quinta-feira, 21 de janeiro de 2010

Necessidade e desejo

Estava lendo um livro e me deparei com a descrição da diferença entre necessidade e desejo. Fiquei um tempo pensando sobre isso, e resolvi escrever um post.

Acredito que a confusão desses termos no coração pode causar uma constante angústia e uma inquietação e insatisfação desproporcional com a realidade.

Acho que devemos ter claro o que nos é "necessidade" para não acabar exigindo da vida uma série de "desejos" e passarmos a ter um patamar de felicidade distante ou rápido demais para ser degustado e vivido.

O consumismo tem em sua essência essa confusão e a nossa sociedade engole essa teoria com cada vez mais força. É incrível como a nossa "necessidade" aumenta cada vez mais e de tempo em tempo mais coisas adentram nessa área que deveria conter o básico para sermos plenos, e não uma série de contingentes indispensáveis.

Não sou definitivamente contra o consumo, até gosto bastante. Só acho que tornar o consumo uma necessidade é falir a essência de um montão de gente. Também não acho que essa confluência dos termos se deve ao consumismo somente, já exportamos essa idéia para diversas outras áreas do coração.

Faça uma análise. Pense sobre o que você estipula (para você) como necessidade e análise com cuidado se entre elas não estão desejos supervalorizados.

Alcançar a plenitude é algo que deveria depender de poucos pontos externos e mais da gente. Nos finais dos shows que faço eu costumo desejar "luz, leveza e poesia". Junte saúde a isso e o resto é só desejo.

Pronto, podemos ser felizes.

sábado, 16 de janeiro de 2010

A distancia

"As vezes é preciso distanciar-se de um ponto para se considerar relativamente perto".

Ouvi essa frase alguns (bons) anos atrás na peça "A história do zoológico", da companhia pernambucana Escambo, e fiquei com ela na cabeça esse tempo.

Cada vez que viajo (e tenho viajado bastante) lembro desse olhar e de como nos esquecemos nos lugares já conquistados. Sempre que passo um tempo considerável fora, volto para minha casa e renovo o meu olhar para lugar que vivo e o que tenho em mãos - e é uma sensação maravilhosa.

Com o tempo, comecei a tentar fazer isso mesmo sem as viagens. Então, de repente, paro o meu olhar no meu habitat, nos meus amigos, na minha mulher, família, e tento enxergá-los como se fossem distantes, como se aquela vida fosse outra. Me sinto grato, suficiente, quase completo, me sinto o "meio copo cheio" ao invés do "meio copo vazio".

Com esse exercício comecei a perceber que durante um tempo estive olhando para fora, enxergando a falta e não o preenchido. Sei que é incrivelmente comum nos habituarmos com as conquistas e começarmos a admirar as conquistas alheias, acho que nos esquecemos na gente mesmo.

Gosto de imaginar o meu eu criança, com seus 9 ou 10 anos conhecendo o meu eu de agora, o enxergando e imaginando o que ele acharia desse homem, de como vive e com quem vive. E quando imagino que ele se encantaria com o que vê, eu fico feliz. Aí vou mais fundo e imagino que talvez ele pediria: - Meu Deus, queria ser assim e ter essas coisas quando crescer.

Isso eu chamo de sucesso.



ps- quando não consigo ver a criança admirando esse homem, eu mudo, escolho um novo caminho e postura e parto para essa conquista - a mais importante de todas.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

A maldade, a inocência e o medo

Recentemente aprendi uma lição muito importante sobre as pessoas.

Costumamos definir os erros como maldosos ou de boa intenção. Assim como definir as pessoas de boa ou de má índole - antigamente se falava muito de pessoas de familia.

Pois bem, nem sempre o que chamamos popularmente de boa índole gere completamente os atos de alguns. Muitas vezes, na ilusão de estarem se defendo figuras inocentes ou temerosas demais acabam fazendo o mal sem a consciência do mesmo.

Imagine um sujeito super assustado com uma arma em punho numa esquina perigosa. Do outro lado uma singela velhinha vestida de preto caminha tranquilamente. No susto e na certeza de estar se defendendo a pessoa atira na velhinha: - Tudo bem, dirá, eu errei mas estava me defendendo.

Hoje, sei que das pessoas maldosas sabemos da consciência que ela possui dos atos e da medida das consequencias. Dos medrosos e dos inocentes, nada se pode esperar, porque eles não estão sob controle de si mesmo e após o erro não aceitarão as consequencias e se negarão a admitir as pancadas realizadas.

Alguém já chegou perto de um animal ferido?

Um amigo me falou que se conhece alguém nos momentos de raiva e medo. É aí que sabemos da FORÇA do seu caráter. E na verdade, para mim, hoje, a força que alguém tem em manter suas crenças - mesmo em desvantagem, é uma qualidade admirável.


terça-feira, 12 de janeiro de 2010

Sobre arte

Recebi esse pequeno texto do poeta Rainer Maria Rilke. Uma amiga leu e disse que lembrou de mim. E eu, então, lembrei de vocês e coloco aqui.
Segue:


"Pois arte é infância. Arte significa não saber que o mundo já é, e fazer um. Não destruir nada que se encontra, mas simplesmente não achar nada pronto. Nada mais que possibilidades. Nada mais que desejos. E, de repente, ser realização, ser verão, ter sol. Sem que se fale disso, involuntariamente. Nunca ter terminado. Nunca ter o sétimo dia. Nunca ver que tudo é bom. Insatisfação é juventude."


segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

O silêncio

Certa vez, eu e Castor Luiz (compositor, artista, psicólogo, pensador) divagamos sobre o silêncio e a música.

Nosso grande questionamento era se a música é som sobre o silêncio ou se é silêncio sobre o som. Ao compor e arranjar as músicas do disco Amor e Pastel optamos por tentar pincelar som sobre um silêncio presente.

Hoje continuo pensando assim. Escolhi esse maneira de pensar, na verdade, porque acredito que são pontos de referência, e, eu, particularmente, sou um devoto do silêncio.

O silêncio que falo no entanto é o silêncio da alma, o silêncio que abraça.

Como um pintor que começa a princípio pelo amor ao quadro branco.

quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

"O amor não é um jogo de crianças"

Eu fiz terapia cerca de 5 anos. Foi uma fase maravilhosa. Me joguei de corpo inteiro e aprendi bastante sobre mim mesmo. Hoje, me sinto outra pessoa. Posso falar sobre isso melhor em outra oportunidade.

O fato é que em determinado momento o meu terapeuta me indicou um livro maravilhoso, diria até que mágico. Esse livro foi de uma força incrível comigo, e, inclusive, não indico a curiosos, somente aqueles que estejam dispostos a se enxergar e tentar se aprofundar em si.

O livro se chama "O amor não é um jogo de crianças", de Krishnananda. A notícia ruim é que dificílimo encontrá-lo.

Um trecho pequeno:

"As expectativas são uma tentativa de buscar alguma coisa no lado de fora que só pode ser encontrado interiormente. Nossas expectativas são tentativas de preencher nossas lacunas, a sensação de vazio, com o que está fora. Tentamos acalmar o medo do abandono esperando poder contar sempre com as pessoas. Procuramos acalmar o medo da invasão esperando que as pessoas respeitem nossos limites. Quando esperamos alguma coisa de alguém, por mais razoável que seja, não estamos vendo a pessoa, nesse momento, como ela é.

Por trás de cada expectativa há sempre uma ferida ou uma lacuna, mas não percebemos que está lá nem que ferida é. Quando alguém não corresponde às nossas expectativas, ficamos pertubados porque sentimos a ferida da traição, da invasão e do abandono dentro de nós".

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Os frutos em 2010


Nessa virada de ano eu tomei a decisão que 2010 será ano de colheita, onde irei colher os frutos do que venho plantando e alimentando a algum tempo.

Por isso, adquiri perto do Reveillon um pé de Caju, um pé de Jambo branco, um pé de Jabuticada e um arruda pequenininha.

São todas fruteiras pequenas (com excessão da Arruda que é pra afastar o mau olhado) que cabem no meu pequeno apartamento e que segundo o jardineiro, dão frutas mesmo.

Além disso também presentei o Estúdio Das Caverna com
um cheiroso de pé de Pitanga.



Bem, a minha parte estou fazendo.

Agora resta ao universo permitir que os frutos brotem.