- Mas você escreve poesia? Tem livros de poemas?
Entenda poesia como arte. Entenda poesia como o olhar poético para a vida.
Penso agora em poeta como os antigos artistas mambembes, que chegavam na praça da cidade e emprestavam suas visões, musicalidade, sua volúpia de adentrar os lugares misteriosos da existência e corriam o gigante perigo de olhar para as coisas por inteiro.
Penso nos poetas como todos aqueles que resolveram pintar suas visões - ou quem sabe apenas desbotar tudo o que viam e veem.
Penso nos poetas como os que receberam o talento da sensibilidade e se entregaram a eles.
Hoje, muito resolveram embarcar nas definições do medo que nos enquadram, dão nomes, definem o lugar, função, orgão, ramal, valor, dia, hora, passos... tudo para evitar o desconhecido (e o desconhecido é tão belo).
Eu não sou músico, cantor, escritor, produtor, jornalista, vagabundo. Eu sou poeta.
Eu não faço música, poema, livro, discurso.
Eu faço poesia.
Eu faço amor.
Eu faço amor.