sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Coisa pequena

Ontem estava no meio da confusão de um dia atolado de compromissos entre um bairro e outro lotado de gente estressada dentro de carros barulhentos e apressados daqueles que não permitem nem que o vento passe a sua frente empurrando as pessoas com gritos e caras preocupadas para dentro de um mesmo sistema preocupado com tudo que pode acontecer de ruim e destruidor mesmo na ínfima possibilidade ou numa referência louca de alguém que já presenciou o tal medo inventado quando de repente assim meio que de repente eu resolvi fazer um lanche  e parei

na frente do Parque da Jaqueira em Recife tive a sensação que as vírgulas vivem, que o ritmo é algo individual, que os sons podem inclusive ser selecionados, e no Parque da Jaqueira ali mesmo onde estava ouvi um passarinho,

com ele ouvi um monte de coisas mais, ouvi um ponto de final. E respirei.

Parágrafo.

Ouvi as folhas das árvores.

E talvez até não acreditem em mim, mas eu ouvi as plantas crescendo lentamente sem objetivo, pressa ou medo algum.

Pedi uma melancia.
Comi uma melancia.
E voltei.

Até entendo que o trânsito continuava desesperado por algo desconhecido ou coisa do tipo e todos pavorosos com a possibilidade de um pavor que podia chegar a qualquer momento desses que assusta quem se assusta mas para mim embora nada tivesse mudado agora tinham um gostinho de melancia.

Quer dizer, gosto de melancia ao som de passarinhos.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Para começar a semana

Um texto inspirado para nos inspirar a última semana do ano:




O que você salvaria


Um jornalista foi entrevistar Jean Cocteau. Sua casa era um verdadeiro amontoado de bibelôs, quadros, desenhos de artistas famosos, livros. Cocteau guardava tudo, e tinha um profundo amor por cada uma daquelas coisas.

Foi então que, no meio da entrevista, perguntou: “se esta casa começasse a pegar fogo agora, e você só pudesse levar uma coisa consigo, o que escolheria?”

- E o que Cocteau respondeu? – pergunta um amigo e grande estudioso da vida do artista francês.

- Cocteau respondeu: “Eu levaria o fogo”.

E ali ficamos todos, em silêncio, aplaudindo no íntimo do coração a resposta tão brilhante.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

O sentido do Natal

Precisamos hoje recuperar o verdadeiro sentido do Natal, o que ele realmente representa e entender que o Natal é..........

..........que nada!

Não precisamos fazer "sentido" feito militares. Não precisamos comungar obrigatoriamente do sentido que certas pessoas carregam. Não temos compromisso inadiável com ninguém. Estamos livres.

E por isso, meu senhores, se quisermos, esse é um momento de sensibilidade. Um momento onde diversas pessoas abrem a porta onde guardam emoções diversas, e preferencialmente emoções boas.

Então o que temos de melhor a fazer é sentir as boas vibrações e curtir...curtir.

Sem peso. E o principal: sem culpa!

Considero o Natal e o Ano Novo festa de sensibilidade direcionada. Um oportunidade massa de entrar em boa conexão com pessoas diversas.

Boa festa (no sentido "festa" da expressão)

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Vários caminhos

- Sabe o que eu acho? Eu acho que fidelidade por parte do homem é quase impossível. Quer dizer, é possível na falta de oportunidade.

- Como assim?

- O homem sente necessidade de ampliar, de deixar um pedaço seu em cada canto do mundo. Faz parte da natureza, é instinto.

- Entendo o que você diz. Mas você acha que não tem saída?

- É que um homem não consegue ficar apenas com uma mulher sabendo que todas as outras o clamam também.

- E se a mulher que ele está representar todas as outras?

Meu amigo calou-se.

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Ensinando cavalo a voar

Como sempre faço as segundas, segue um texto rápido para nos inspirar a semana:


ENSINANDO O CAVALO A VOAR

Um velho rei da índia condenou um homem a forca. Assim que terminou o julgamento, o condenado pediu:

- Vossa Majestade é um homem sábio, e curioso com tudo que os seus súditos conseguem fazer. Respeita os gurus, os sábios, os encantadores de serpentes, os faquires. Pois bem: quando eu era criança, meu avô me transmitiu a técnica de fazer um cavalo branco voar. Não existe mais ninguém neste reino que saiba isto, de modo que minha vida deve ser poupada.

O rei imediatamente mandou trazer um cavalo branco.

- Preciso ficar dois anos com este animal – disse o condenado.

- Você terá mais dois anos – respondeu o rei, a esta altura meio desconfiado. – Mas se este cavalo não aprender a voar, será enforcado.

O homem saiu dali com o cavalo, feliz da vida. Ao chegar em casa, encontrou toda a sua família em prantos.

- Você está louco? – gritavam todos – Desde quando alguém desta casa sabe como fazer um cavalo voar?

- Não se preocupem – respondeu ele. – Primeiro, nunca alguém tentou ensinar um cavalo a voar, e pode ser que ele aprenda. Segundo, o rei está muito velho, e pode morrer neste dois anos. Terceiro, o animal também pode morrer, e eu conseguirei mais dois anos para treinar um novo cavalo. Isso sem contar a possibilidade de revoluções, golpes de estado, anistias gerais.

“Finalmente, se tudo continuar como está, eu ganhei dois anos de vida, onde posso fazer tudo o que tenho vontade: vocês acham pouco? “

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Confronto

As vezes, fugir de um confronto é concordar com ele.

Sou devoto do custo benefício, da medição do que vale e do que não vale a pena na vida.

Uma disputa em várias oportunidades não vale o prêmio. É como gastar mil reais para ganhar quinhentos. Não justifica.

Mas existem exceções. E mesmo os mais zens, tranquilos, pacatos, pacificadores tem de tomar posições.

Em uma conversa com o terapeuta:

- Mas se eu confrontar isso vai dar uma grande merda, perguntei angustiado.
- Uma merda meu caro já deu. Só está na hora de coloca-la no devido lugar.

Fugir de um confronto por não concordar com ele é um belo caminho e por vezes requer mais força do que vencê-lo. Mas fugir de um confronto por fraqueza e medo é outra história.

Nós também somos fogo. E o fogo também é vida.

"Ninguém se liberta da escravidão do seu agir pelo fato de não agir. E ninguém atinge a perfeição interior só por desistir da atividade externa". (Bhagavad Gita)

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Uma poesia de presente

Chegado os momentos de sensibilidade, Natal, virada do ano, resolvi abrir um pouco a minha caixa de Pandora. Resolvi dar alguns presentes aqui no blog também. Presentes poéticos como não podia deixar de ser.

Esse poema que publico agora, foi escrito como presente para um grande amigo irmão no dia que ele casou. E devidamente lido no ato do casório.

Eu gosto dele. E agora, presenteio vocês:


Raízes e asas
                              Para Tiago e Gabriela Bacelar

De onde viemos, senhores?
dos santos? dos céus?

A mais pura harmonia?
Viemos de quem ia e foi?
Viemos de arroz jogados na saída?
Viemos de abraços?
Despedidas?

Viemos de uma saudade imensa
de uma sede sem fim
ou até de algo ruim
mas puro

que a sua essência é sempre pura.

Viemos do que dura
mesmo quando morre
viemos de porres e mais porres
de beijos intermináveis.

Viemos de coisa estáveis
ou de atitudes menos nobres
mais viemos não de cobres
mas pele: osso: sangue :paixão:

De um homem e de uma mulher

que é o que é

e que são.


Viemos de irmãos e de amantes
antes
bem antes
quando eles sonhavam com a gente

viemos um tanto dementes
e as coisas mais fofas do mundo inteiro.

Os nossos laços e muitos dos abraços
muito do que temos
nós foi dado

(talvez tudo)

Sabemos de nossas raízes, então
resta saber das nossas asas.

Resta ver tanto que passa
resta abraçar tudo que é da gente.

Viemos de dois
e somos um
viemos de um segundo
e somos anos e anos de eternidade.

E nunca, para nos, é tarde
porque somos tudo que do universo arde
em nós
em nosso peito.

Entendido tudo o que sabido

resta saber das nossas asas.

Destinados a voar
restar saber de nossas asas.

Destinados a descobrir os céus
resta saber de nossas asas

Destinados à felicidade
resta saber de nossa casa.

A nossa casa abriga o vento
guarda o azul
limpa o terreno
deixa crescer a planta
e colhe os frutos.

A nossa casa assim sem muros
mas cheia de braços abertos
a nossa casa que é direto para o coração

que é irmão e que é amante

a nossa casa que também é como antes
a nossa casa que também é adiante.

Deitado com tua mulher
em teu peito guardada como abrigo
eis as tua asas (que já existiam)
eis o teu sentido.

Sentado ao teu lado
vê desmascarado teu parceiro
ele é a chave e é a porta
e ele é agora o mundo inteiro.

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

Presentes de Natal

Um cheiro

Uma declaração de amor de um amigo

Disco dos Beatles

Um abraço apertado

Beijo surpresa

Uma camisa engraçada

Livros variados

Um jantar feito especialmente para você

Um vinho

Uma cueca samba canção

Uma foto

Discos variados

Um pedido de desculpas

Poesia

Enfeites para a casa

Enfeites para a alma

Um perdão inesperado

Um abraço em conjunto

Uma planta

Uma receita

Um cheiro.

segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O fascínio do problema

Aqui vai mais um texto para começarmos a semana intrigados. Boa semana a todos:


O fascínio do problema

O Grande Mestre e o Guardião dividiam a administração de um mosteiro zen. Certo dia, o Guardião morreu e foi preciso substituí-lo.

O Grande Mestre reuniu todos os discípulos para escolher quem teria a honra de trabalhar diretamente ao seu lado.
- Vou apresentar um problema – disse o Grande Mestre. – E aquele que o resolver primeiro, será o novo Guardião do templo.

Terminado o seu curtíssimo discurso, colocou um banquinho no centro da sala. Em cima estava um vaso de porcelana caríssimo, com uma rosa vermelha a enfeitá-lo.

- Eis o problema – disse o Grande Mestre.

Os discípulos contemplavam, perplexos, o que viam: os desenhos sofisticados e raros da porcelana, a frescura e a elegância da flor. O que representava aquilo? O que fazer? Qual seria o enigma?

Depois de alguns minutos, um dos discípulos levantou-se, olhou o mestre e os alunos a sua volta. Depois, caminhou resolutamente até o vaso, e atirou-o no chão, destruíndo-o.

- Você é o novo Guardião – disse o Grande Mestre para o aluno.

Assim que ele voltou ao seu lugar, explicou:

- Eu fui bem claro: disse que vocês estavam diante de um problema. Não importa quão belo e fascinante seja, um problema tem que ser eliminado.

“Um problema é um problema; pode ser um vaso de porcelana muito raro, um lindo amor que já não faz mais sentido, um caminho que precisa ser abandonado - mas que insistimos em percorre-lo porque nos traz conforto.

“Só existe uma maneira de lidar com um problema: atacando-o de frente. Nessas horas, não se pode ter piedade,

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Um tema que deu o que falar

Bem, alguns posts atrás escrevi sobre propaganda e lá citava que vejo o mundo se humanizando e que a propaganda teria que uma hora ou outra acompanhar esse movimento. Aí uma leitora amiga deu a opinião que não via o mundo tão humanizado assim e eu escrevi outro post sobre isso (logo embaixo). O que de cara deu o que falar. Assim, resolvi escrever mais esse post sobre o mesmo assunto, o otimismo.

As colaboradoras Mag e Maya ressaltaram os enormes problemas que temos, a imensa falta de educação, o olho cego que deixa as coisas crescerem a revelia, a falta de vontade, a falsa democracia, o subtexto social, a indiferença, a descrença, o medo, a ignorância e tudo aquilo que vemos comumente Brasil afora.

Bem, eu queria dizer, ressaltar, que eu concordo com tudo. Vejo isso também. É óbvio que o nosso país é cheio de vícios arcaicos que nos atrasam e sustentam em posições desagradáveis. Mas isso não significa negar avanços.

Para refletir esse tema gostaria de fazer uma pergunta: qual o nosso objetivo?

Fazendo um paralelo, toda vez que converso com uma pessoa magoada ou bastante ciumenta sobre o algoz em questã faço essa mesma pergunta: qual o seu objetivo? Isso porque muitas vezes o objetivo é simplesmente derrubar o outro, vencer, mostrar que está certo, acusar...sei lá. Quantas vezes isso já aconteceu?:

- Você falou com ela não foi? Eu vi!
- Puxa amor, é que cruzei e ia ficar chato se não falasse.
- Até parece, você bem que gostou. Admita, vá!
- Olha, então daqui em diante eu não falo mais e pronto. Viro a cara mesmo. Tá bom assim?
- Não, de jeito nenhum. Se você virar a cara ela vai perceber e achar que eu mandei você não falar com ela.
- Uai, e o que você quer então?
- Ai como você não entende nada.

No caso dos problemas brasileiros precisamos nos ater ao nosso objetivo. Nosso objetivo é obter melhoras?  Mudança de postura? Um aprimoramento na educação social do nosso povo? Uma postura mais adequada dos políticos? Se esse é nosso objetivo precisamos reconhecer os nosso avanços e incentivá-los ainda mais.

É como a criança que tira nota 2. Ela leva bronca, se esforça e consegue um 5. E aí? Continua a bronca:

- Tirou 5. Nota baixa de novo? Você sempre com essas notas? Olha, acho que não tem jeito.

Ou aplaude e exige um pouco mais?:

- Muito bem meu filho. Já vemos que o seu esforço deu resultado. Agora precisamos chegar na média 7 e com um pouquinho mais de dedicação, quem sabe, chegamos a mais de 8, hein?

É assim que penso o Brasil. Um país que começou a tentar tirar uma nota mais alta. Ainda estamos abaixo da média e distante das notas premiadas. Mas saímos do zero e eu prefiro elogiar esse garoto incentivando-o a ter mais dedicação ainda.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Brasil otimista

Dois posts atrás, estava falando sobre propaganda e afirmei que acreditava que com o caminho atual da sociedade a propaganda seria obrigada a se adaptar a novos conceitos mais humanos. Uma amiga leitora ressaltou o meu lado otimista e disse que não via a sociedade como eu. Bem, queria explicar melhor o meu ponto de vista, porque vejo com bons olhos o futuro (queria também agradecer a minha amiga que ao dar sua opinião sincera nos coloca em rica troca de informações e ainda me põe pra pensar mais).

A referência exagerada acaba com qualquer ponto de vista positivo. Pensar no Brasil em comparação com a Suíça, Alemanha, Inglaterra e similares é mesmo desesperador. São países plenamente desenvolvidos e educados socialmente e hoje assumem problemas diferentes dos nossos. Estamos em outro patamar. É necessário que olhemos um pouco para o nosso próprio umbigo.

Pensando em Brasil acho que melhoramos muito e em pouco tempo. Tenho vários exemplos para isso.

Lembro que quando criança era comum jogar lixo pela janela do carro, qualquer coisa. Todos jogavam, com raríssimas excessões. Hoje, é exatamente o inverso. E quem se atrever a tais atos despreocupados corre o alto risco de levar um esculacho no meio da rua (e já vi isso acontecer várias vezes).

Outro dia, fui escovar os dentes na casa do meu irmão e o meu sobrinho de 5 anos ficou fulo da vida comigo, reclamando em alto e bom som porque eu estava gastando a água do planeta sem cuidado (não fechei a pia enguanto escovava). Fiquei abismado com aquilo:  -É a escola rapaz, explicou a mãe do danado.

Na minha geração quase todos levaram palmadas ou verdadeira "pisas" dos pais. Era normal em meninos trelosos. Eu apanhei um bocado (sem maldade e sem força alguma, mas o psicológico da palmada e do grito). Quem em outros tempos nunca viu um menino levando umas palmadas em lugares públicos? Agora, desafio, vai tentar dar umas palmadas no teu filho no meio do Shopping. É capaz de ser presa e tudo. Ou seja, o cuidado ficou maior.

Xingar ou desmerecer publicamente um negro é crime. Daqui a mais um pequeno tanto, fazer o mesmo com homossexuais será também. Mulheres tem uma delegacia especializada e quem se atrever a bater nelas vai direto pro xilindró.

É proibido andar armado e quem for pego com armas tá fudido. A legislação no transito está rigorossísima. Nem um gole de álcool é tolerado na direção. E até na política estamos vendo como nunca as escrotices divulgadas a revelia dos chefões que sempre as escondiam do nosso conhecimento. E por fim, sem politicagem, e sem saber se será um bom governo ou não, uma ex-militante torturada e presa assumiu o mais alto cargo do país - e agora temos de fato mais de um grupo em disputa pelo poder do país, o que nos dá um real conceito democrático: a disputa.

Puxa, isso não é um bom caminho?

Claro que nenhuma dessas melhoras está em excelência. Várias ainda cheias de defeitos, parcialmente realizadas, com diversas excessões. Mas, caramba, agora elas existem. Antes eram apenas prospecção, sonho, imaginação. Hoje é uma realidade que trabalhamos para ampliar, melhorar, estender. Conquistamos algo, precisamos reconhecer nossos méritos.

Pensando na França estamos muito longe. Mas, gente, pensando em Brad Pitt eu sou um cara horroroso e em Mozart um desgraçado sem talento. Então, olhando para o meu umbigo um pouco e entendendo minhas limitações, eu sou até bonitinho.