segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Quando defender os outros é defender a si mesmo

Primeiro eles levaram os comunistas
e eu não levantei a voz porque não era comunista.

Depois eles levaram os judeus
e eu não levantei a voz porque não era judeu.

Mais tarde eles levaram os católicos
eu não levantei a voz porque era protestante.

Por fim eles vieram e me levaram
e quando olhei ao redor não tinha ninguém
para levantar a voz por mim.

sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Pirata com os dois olhos bons

Aluguei um DVD e antes de começar o filme a propaganda: pirataria é crime! É o dinheiro do tráfico! Uuuui...

Não sei, mas cada vez que vejo essas propagandas começo a achar que não são os piratas que tem um olho só.

Febre em carrinhos ambulantes e feiras de todo tipo, a pirataria de DVDs e CDs é algo complexo demais para conseguir ter uma opinião única. Tudo bem, é contra lei, isso está claro. Mas copiar um CD no computador e dar para um amigo também é pirataria. Baixar um disco também é pirataria. Meter música no Mp3 Player sem regular autorização (como ter comprado ou baixado legalmente o álbum) é pirataria. E pergunto mais: porque virou uma febre tão imensa que quase ninguém tem pudor em consumir esses produtos?

Aí vem outra discussão. As empresas gravadoras distribuidoras e coisas do tipo passaram a ter um controle excessivo e um lucro exorbitante em cima das canções e filmes. Um disco a R$45, um DVD a R$70... meu Deus do Céu... é ouro?

Isso acabou por gerar um abismo sem tamanho entre os originais e os piratas.

Sem contar que essas mesmas empresas começaram a atuar como controladoras do mercado. E determinados artistas passaram a não ter espaço em determinados grupos porque alguém lá de cima definiu assim e pronto. E chega o pirata e embola tudo.

Alguns artistas inclusive estão adorando a situação, afinal, passaram a ter uma inserção mais popular com o acesso fácil e direto da periferia (ou dos que não faziam parte do grupo estipulado pelas gravadoras) ao seu trabalho. E convenhamos, artista nunca ganhou dinheiro mesmo com a venda de discos, sua renda sempre esteve atrelada aos shows. E nisso os piratas tem ajudado bastante.


Mas precisamos também ressaltar dois pontos essenciais nessa conversa. Primeiro que o CD virou algo descartável, o disco como o conhecemos está sendo reprocessado, não temos idéia do que virá ou de como a música será comercializada, mas sabemos que muita coisa ainda vai mudar. E segundo, um DVD pirata ainda não é igual ao original. Assim, para mim, o filme não está no mesmo problema da música.

Enquanto consumidor eu gosto muito de ter discos e filmes. Gosto do encarte, bastante. E quanto a filme já tentei assistir piratas, mas eles tem um som ruim e a imagem não é das melhores, então desisti.

Se um pirata está a R$5 e o original a R$12, eu sem pensar duas vezes vou no original. Mas entre R$5 e R$40 é sacanagem com o meu lado correto né? Tentação demais...

As gravadoras deviam se conectar melhor com o problema, modernizar os pensamentos, abrir mão dos lucros exorbitantes e assumir uma postura nova.

No entanto, isso é só um início de discussão difícil de terminar. E eu particularmente ainda fico na mureta do navio sem saber se pulo nas águas profundas podendo me afogar ou se fico com os danados beberrões sem destino algum.

E você?

quarta-feira, 26 de janeiro de 2011

Deus e o Diabo nas águas

Nas águas o nosso imaginário coloca bondade e maldade também.

O golfinho ser incrível e risonho que incorpora tudo de bom pelo mar afora.

E tudo de ruim e dentes afiados que mata por curiosidade é o Tubarão.

Deus e o Diabo mar adentro.

O engraçado é que os danados são iguaizinhos e quem vê um dos dois estando dentro da água só terá certeza do que viu minutos depois do encontro.

Sem a perna era o bicho ruim na certeza.

Com um empurrãozinho para a beira era a mão divina.

Eles são água do mesmo balde, e a diferença é o que deixam pelo caminho.

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Como fazer o que quero

Segue mais um texto leve para nos inspirar a semana. Boa semana a todos:



Como fazer o que quero


Assim que morreu, Juan encontrou-se num belíssimo lugar, rodeado pelo conforto e beleza que sonhava. Um sujeito vestido de branco aproximou-se:

- Você tem direito ao que quiser: qualquer alimento, prazer, diversão - disse.

Encantado, Juan fez tudo que sonhou fazer durante a vida. Depois de muitos anos de prazeres, procurou o sujeito de branco:

- Já experimentei o que tinha vontade. Preciso agora de um trabalho, algo para produzir, para me sentir útil.

- Sinto muito - disse o sujeito de branco. Mas esta é a única coisa que não posso conseguir; aqui não há trabalho.

- Que terrível! – irritou-se Juan. - Passarei a eternidade morrendo de tédio! Preferia mil vezes estar no inferno!

O homem de branco aproximou-se, e disse em voz baixa:

- E onde o senhor pensa que está?

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

quarta-feira, 19 de janeiro de 2011

Conversa cega

- Esse Brasil é fogo mesmo, não tem jeito. Ninguém respeita as regras, é um absurdo. Já estava desacostumada com isso. Lá nos Estados Unidos era uma perfeição danada, todos seguindo a risca a linha traçada.

- Pois é, eu imagino como deva ser.

- É fogo rapaz. Aqui o atendimento é ruim, e as leis não se aplicam. Sabia que lá se você fizer uma compra e se arrepender depois tem o direito de devolver ou trocar sem justificativa?

- Sério?

- É. Eu mesma já comprava algo só para testar, nem me preocupava. Comprava por comprar, curtia um pouco, ia lá e devolvia. Só não dá pra fazer muitas vezes no mesmo lugar que eles se chateiam.

- Puxa.

- E as trocas, mesmo que de um dia para o outro, não podem mais ser vendidas como novas e ficam com um preço bem abaixo do normal. É ótimo, uma pechincha danada, só comprava coisas assim quando queria mesmo.

- Entendo...

- Se você for gravar um disco por exemplo, pode pegar a guitarra ideal, gravar e depois pedir o dinheiro de volta. Simples.

- ...

- O trânsito lá também é uma coisa de organizado. Ninguém sai da sua faixa, tudo bem direcionado.

- Por falar nisso, você está andando no meio das faixas.

- Brasil né? Esse buracos não dá para ficar num canto só.

- Olha o sinal vermelho.

- Essa hora parar no sinal vermelho? Tu é doido homem? Nada disso, olha pra um lado, pro outro e pimba!

- ???...

(Celular toca)

- Alô? Oi amiga tudo bem? Posso falar sim diga... eita, espera só um pouco que tem um guarda na esquina, rapidinho... pronto, pode falar. Como estou? Tô ótima, e você? Olha tudo certo para mais tarde né? Pronto, qualquer coisa pode me ligar. Um beijo.

- Desculpa, o que estávamos falando mesmo?

- Do Brasil.

- Isso, eita país subdesenvolvido. Ninguém respeita nada aqui... povinho mal educado.

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Poupando a energia que resta

Um texto rápido para nos inspirar os passos.
Boa semana a todos:



Poupando a energia que resta


Dois rabinos tentam, de todas as maneiras levar o conforto espiritual aos judeus na Alemanha nazista. Durante dois anos, embora mortos de medo, enganam a Gestapo – a temível polícia de Adolf Hilter - e realizam ofícios religiosos em várias comunidades.

Finalmente são descobertos e presos. Um dos rabinos, apavorado com o que pode acontecer dali por diante, não pára de rezar. O outro - ao contrário - passa o dia inteiro dormindo.

- Por que você está agindo assim? - pergunta o rabino assustado.

- Para salvar minhas forças. Sei que vou precisar delas daqui por diante.

- Mas você não está com medo? Não sabe o que pode nos acontecer?

- Eu estava em pânico, até o momento da prisão. Agora que estou nesta cela, de que adianta temer o que já aconteceu? O tempo do medo acabou; agora começa o tempo da esperança.

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

Você tem só três perguntas

Uma vez estava com um amigo e a na volta para casa a namorada dele começou uma série de perguntas quando ele de prontidão anunciou:

- Opa, cuidado. Você tem só três perguntas.

- Você estava onde? Ela perguntou sem prestar muita atenção ao aviso.

- No aniversário de um amigo.

- Com quem?

- Com Tibério.

- E voltaram como?

- Andando.

- Quem estava lá? De quem era a festa? Porque não me ligou? Tinha muita gente?

- Já respondi três perguntas. Agora relaxe.

Foi uma brincadeira. Ri bastante na hora. A namorada riu também. Mas não sei porque fiquei com isso na cabeça: temos três chances, três escolhas, três perguntas, três prioridades.

Esse é um conselho que daria a quem está se casando por exemplo: não vai ser exatamente como você quer. Escolha três prioridades e relaxe com o resto.

Lembra um pouco a história do gênio da garrafa. Com uma infinidade de possibilidades mágicas, o escolhido recebe apenas três desejos. E pronto.

Na minha ilusão de criança pensava que se encontrasse o gênio meu primeiro desejo seria ter mais de três desejos. Mas na vida adulta isso não vale. E devemos mesmo nos contentar com três e deixar que os outros desejos nos cheguem de forma inesperada.

Daria o mesmo conselho para quem está gravando um disco, abrindo uma empresa, lançando um livro, indo morar com alguêm, reformando a casa, cuidando do jardim, tendo um filho, começando um namoro, terminando um namoro, viajando, apresentando um trabalho, entrando em um trabalho novo: escolha três prioridades e relaxe com o resto.

Não vai ser extamente como você quer. E talvez seja até melhor. Mas não vai ser exatamente como você quer. Relaxe.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Entre o mito e o cotidiano

Cazuza, Jim Morrison, Janis Joplin, Che Guevara, Amy Whinehouse...

Quantos gênios, mitos, artistas admiráveis, pessoas de vanguarda tem no currículo uma vida cotidiana digna de enormes críticas? Um monte.

Mas com essa vinda de Amy ao Brasil e tudo o que ela representa, me pergunto até onde isso nos importa.

Talvez seja o preço de uma entrega sem freios, de uma mergulho profundo e inteiro em algo que costumamos medir, controlar, ter atenção e proteção.

Para nós é confuso, e é mesmo. Mas muitas vezes quem nasceu para pular a cerca acaba por esquecer de aguar as plantas.

Sei que temos diversos exemplos de pessoas que conseguiram com êxito contemplar as duas vertentes. Mas puxa, esses são as excessões. Ou não?

Sei que Che era um péssimo pai, amigo, marido. Tudo que o importava era o país, a revolução.

Gandhi era casado e de repente se converte e faz o voto de castidade. Ou seja, a mulher se f... (e se modifica, abraça a causa e vira uma de suas discípulas mais próximas. Mas qualquer outra pessoa comum ia ficar puta da vida).

Isso sem falar nos mais clássicos: Cazuza, Morrison, Cartola, Vinícius de Moraes e por aí segue uma vasta lista.

Não afirmo nada quanto a isso. Eu também me sinto em cima do muro e costumo tecer uma opinião caso a caso. Mas vale uma boa discussão.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Embriagai-vos

Ontem era para eu ter postado um texto reflexivo, como tenho feito nesse blog todo começo da semana. Mas acordei com o telefonema de um amigo querido, hoje distante, intimando-me a um abraço na praia de Boa Viagem.

De um dia inspirado cheio de idéias, frases, lógicas, pensamentos, sensações e tudo que pessoas curiosas provem quando estão juntas, uma citação sutil me grudou na pele.

Hoje, ao invés do texto que costumo postar, resolvi postar essa citação, simples, clássica e que por algum motivo mexeu comigo.

Pois bem, boa semana a todos:



"Embriagai-vos
de poesia, de vinho ou de virtudes.
Mas embriagai-vos".
Baudelaire



sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

O que tá escrito aí na camisa?

Por que alguma marcas insistem em se americanizar e produzir camisas com dizeres em inglês?

Na verdade, e graças ao bom pai, isso vem diminuindo. Acho que com a valorização brasileira, do orgulho nacional, algumas marcas se renderam e já vi peças um pouco mais locais, digamos assim.

Mas esse sempre foi um assunto que me irritava. As vezes entrava na loja e a vendedora me mostrava uma camisa:
- O que tá escrito aí?
- Acho que é uma frase de algum jeito bem assim pra cima, sabe?

Não sei que sentido tem isso.

Uma vez, estava conversando sobre o tema com um amigo e entrei na C&A para exemplificar. Então eu acho uma camisa com o seguinte: "foto e legenda da seleção australiana de Rugbi". Porra, eu nem sei direito  o que é Rugbi e vou comprar uma camisa com a seleção da AUSTRÁLIA desse esporte esquisito?

Vixe maria, danou-se...

Por favor queridas marcas alienadas, se pretendem mesmo insistir nesses temas ultrapassados pelos menos utilizem mais imagens do que palavras.

Bem, apesar da minha chateação, admito que hoje está infinitamente melhor. E o melhor esquema ainda é comprar camisetas de estilistas independentes nas feirinhas de São Paulo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

É mais fácil ver com os pés

É incrível como ficamos em um mundo paralelo nos centros urbanos. Dentro dos carros, preocupados, concentrados, extremamente focados onde queremos chegar. Até a temperatura real hoje não nos alcança e ficamos confortáveis no ar-condicionado.

Eu gosto do conforto (e como gosto), mas as vezes me sinto alienado geograficamente.

E nesses momento eu me dano a andar.

É incrível como ao colocar os pés na rua um mundo completamente estranho nos aparece. Esquinas, ruas, buracos na calçada, plantas, árvores, pessoas. Tanta coisa que estava tão pertinho e parece ser estrangeira.

Bem, hoje eu vou pegar minha bicicleta e dar uma volta pela cidade para me apresentar ao desconhecido vizinho.

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Para começar o ano inspirado

Uma rápida história para nos inspirar a buscar os nossos caminhos naturais nesse ano que se inicia. Bom ano a todos:



Como a trilha foi aberta

Um dia, um bezerro precisou atravessar uma floresta virgem para voltar a seu pasto. Sendo animal irracional, abriu uma trilha tortuosa, cheia de curvas, subindo e descendo colinas.

No dia seguinte, um cão que passava por ali, usou essa mesma trilha para atravessar a floresta.Depois foi a vez de um carneiro, líder de um rebanho, que vendo o espaço já aberto, fez seus companheiros seguirem por ali.

Mais tarde, os homens começaram a usar esse caminho: entravam e saíam, viravam à direita, à esquerda, abaixavam-se, desviavam-se de obstáculos, reclamando e praguejando – com toda razão. Mas não faziam nada para criar uma nova alternativa.

Depois de tanto uso, a trilha acabou virando uma estradinha onde os pobres animais se cansavam sob cargas pesadas, sendo obrigados a percorrer em três horas uma distância que poderia ser vencida em trinta minutos, caso não seguissem o caminho aberto por um bezerro.

Muitos anos se passaram e a estradinha tornou-se a rua principal de um vilarejo, e posteriormente a avenida principal de uma cidade. Todos reclamavam do trânsito, porque o trajeto era o pior possível.

Enquanto isso, a velha e sábia floresta ria, ao ver que os homens tem a tendência de seguir como cegos o caminho que já está aberto, sem nunca se perguntarem se aquela é a melhor escolha.