segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Corrida de ratos

Toda segunda eu posto aqui um texto, um pensamento, uma história que nos inspire a semana. Aprendi e passei a ter essa mania com o Zen, que costuma ensinar com pequenos contos ou causos.

Pois bem, hoje irei publicar uma frase apenas. Dita por um grande amigo me fez pensar bastante e ficou martelando em mim.

Para vocês segue o singelo pensamento. Boa semana a todos:




"O problema de ganhar uma corrida de ratos é que você continua sendo um rato".





quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Conversa de twitter

 gleisson jones 
aquilo que lhe dá mais medo pode lhe levar pro lugar onde você sentirá mais amor por você mesmo.

 Tibério Azul 
@ 
@ Tem um livro bem legal escrito por um monge mulher que se chama "Os lugares que nos assustam". Tudo a ver com tua citação

 gleisson jones 
@ 
@ massa, tiba. vou procurar. o massa que tô descobrindo essas coisas na tora. a vida é o melhor professor, né?

 Tibério Azul 
@ 
@ E tem outro?

 gleisson jones 
@ 
@ pensando bem, tem não.

quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Confiança

Existe um sentimento latente brasileiro que me incomoda demais: a desconfiança.

No Brasil, até que se prove o contrário todos estão fazendo algo errado.

O policial abusa do poder e é corrupto, o político é ladrão, o juiz filho da puta, o pobre aproveitador, o rico egoísta, o artista é estrela, o anônimo invejoso, o governador é safado, a presidente é falsa, o chefe é cego, o empregado preguiçoso, o modelo é burro, o fazendeiro é doido, a empresa é escrota, o jovem é inconsequente, o idoso é demodê, o maestro é arrogante, o técnico é acomodado, e ninguém...ninguém...escapa.

Penso que um funcionamento assim é, na verdade, uma auto flagelação, um suicídio coletivo.

Não trabalhamos com o princípio do bom senso no nosso país. Ao analisar um fato quase nunca levamos em consideração que as pessoas envolvidas tentaram fazer o melhor possível com boas intenções.

Sei que temos inúmeros exemplos para justificar nossas acusações. Mas puxa...cansa isso, não?

segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

Correndo pra onde?

Uma rápida história para nos inspirar a semana. Boa semana a todos:




Sempre correndo

O monge Shuan sempre alertava aos discípulos para a importância do estudo de filosofia ancestral. Um deles, conhecido pela sua força de vontade, anotava todos os ensinamentos de Shuan, e passava o resto do dia refletindo sobre os pensadores antigos.

Depois de um ano de estudos o discípulo adoeceu, mas continuou frequentando as aulas.

- Mesmo doente, continuarei estudando. Estou atrás da sabedoria e não há tempo a perder.-disse ele ao mestre.

Shuan indagou:

- Como você sabe que a sabedoria está na sua frente, e que é preciso está sempre correndo atrás dela? Talvez ela esteja caminhando atrás de você, querendo alcançá-lo, e de alguma maneira você não está deixando. Relaxar e deixar os pensamentos fluírem, também é uma maneira de atingir a sabedoria.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sobre composição de letras - parte 2

Na primeira parte desse post, eu falei sobre o que considero o princípio da construção de uma letra: escavar o sentimento da canção. Nesse primeiro instante o letrista se localiza, define a área do coração onde trabalhar, o caminho, o norte (ou sul ou nordeste ou oeste ou leste ou) e passa para a segunda parte, a história.

Com um sentimento em mãos, o letrista começa uma história. A partir daqui, eu acredito, temos mais liberdade e mais escolhas. As opções variam e seguir uma direção ou outra não invalida a canção. Embora não tenhamos tantas opções assim.

Se no primeiro momento, por exemplo, o compositor decidiu falar sobre saudade, uma saudade sem volta, sem esperança, ele passa a traçar os detalhes desse aperto no coração. Uma mãe que perde um filho? Um traidor arrependido? Uma amor antigo, longe, quase inexistente? Uma casa que foi abaixo? Um casamento que foi abaixo? São vários os caminhos e o compositor deve escolher aquele que melhor retrata o sentimento. O método ainda é o mesmo: por erro e acerto até que não reste dúvidas.

Nessa parte da composição eu gosto de sair de casa, de pesquisar. Vez por outra vou para algum lugar público com um pequeno gravador com a melodia em mãos e fico ouvindo-a e vendo as pessoas passando. Cada pessoa carrega diversas historia consigo. Gosto também de ouvir. Sabe aquela amiga da amiga chata que fala pra caramba? Pois bem, é um poço de inspiração.

A pressa é um inimigo mortal, talvez assim o seja durante todo o processo. Correr aqui é construir uma história repetitiva, óbvia, apenas centrada no familiar. Certas vezes isso pode até funcionar, mas sem paciência sua obra ficará sentada no mesmo banco, e assim se tornará chata.

Construir uma história é inventar vidas. E embora seja muito comum irmos para o auto retrato e contarmos um caso próprio, mesmo nesses casos, ainda é a construção de personagens. Porque mesmo quando você resolve contar sua história você terá que contar apenas uma parte dela, um olhar, um pequeno exemplo de você, que sendo assim não será você exatamente e sim um personagem sobre você, ou seja, uma história apenas.

Defina a história, o que aconteceu, porque aconteceu, quem são os personagens, como eles se sentem, de onde eles vieram, como eles falam, como pensam, porque pensam, como riem e como choram.

Com a história em mãos partimos para a mão na massa. Até o próximo post.

segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011

O contrário de paz

Toda segunda feira costumo postar um pequeno texto que nos desperte, nos confunda e nos inspire para o começo da semana.

Hoje queria postar apenas uma informação que recebi.

No I-ching, uma espécie de oráculo ou livro de sabedorias Chinês, o contrário de paz não é guerra. O contrário de paz é estagnação.

Puxa fiquei intrigado com isso. Deixo um pouco dessa sensação que brotou em mim com vocês.

Boa semana a todos.

quinta-feira, 10 de fevereiro de 2011

A poesia sem versos

Conversando com uma simpática repórter de Brasilia agora a pouco falava sobre a minha visão de poesia, uma poesia sem versos.

Sinto falta, na arte que ronda nossas rádios, jornais e etc., da poesia. Mas quando falo da poesia, não me refiro a poesia engessada, aos poemas decassílabos, ou a qualquer poema entendido como tal. Me refiro ao olhar poético.

Tocar um violão rápido, um piano com precisão, fazer caretas, rebolar, ir até embaixo, fazer barulho, rimas interessantes, improvisar com rapidez, usar roupas coloridas, estar na moda, usar preto e gritar rouco, estar fora da moda, produzir um timbre bonito, alcançar notas agudas, produzir um timbre feio, ter presença de palco e todas outras coisas do tipo são "habilidades".

Habilidades como fazer conta rápido, indicar um defeito só de ouvir o barulho do motor, saber explicar bem um assunto para uma sala repleta de alunos, consertar máquinas, demolir edifícios, consertar o corpo humano, indicar remédios, analisar pesquisas, produzir uma peça publicitária, criar outra, escrever uma matéria, construir um prédio, fazer um site...

...habilidades, algumas admiráveis, mas habilidades.

O artista do nosso imaginário, o sujeito que "veio a passeio" (como diz o dito popular), esse não se sustenta na habilidade. O artista é a poesia.

O artista vê poesia, pega em poesia e molda poesia. O artista joga poesia para cima e para baixo, se veste dela, passa adiante.

O artista talha a poesia na madeira, nas cordas do violão, no canto, no piano, em quadros, em rostos, em gestos, em silêncio.

É tolo pensar que o artista toca piano ou violão ou bateria ou canta ou interpreta. Nada disso.

A única coisa que o artista faz bem é ouvir ver e sentir poesia. Esse é o seu dom. O resto são bonitas habilidades.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dói mais em quem?

Conversando com uma pessoa ontem ela exaltava a "imensa dor" que sentia e eu disse que todos sentiam igual, já que a dor dela é a dor universal, da solidão e do medo. A pessoa ficou curiosa e não entendeu, mas é basicamente isso mesmo.


Hoje acordei pensando sobre isso. Como podemos saber se algo dói mais em nós  ou se outras pessoas aguentam melhor a dor?


Quando algo nos dói imaginamos que é uma coisa imensa, incrível. Não cogitamos que outras pessoas passaram por algo semelhantes, nem tampouco que saíram ilesas, ou pelo menos menos feridas do que nós. E que delas poderíamos receber chaves funcionais, caminhos alternativos. Devíamos cogitar ao menos essa possibilidade.

Será que a dor em nós é tão sagrada que ninguém possa ter vencido algo semelhante?

Quando era bem novo, e bastante angustiado, li pela primeira vez um livro de Clarice Linspector. Meus olhos brilharam e um pensamento passou sorrindo por mim: Olha aqui alguém mais sofrido do que eu. Desse dia em diante comecei a achar que o sofrimento é algo comum e quase que em comum.

Essa é uma das questões que eu não consigo achar resposta. Não sei se coisas doem mais em alguns, se algumas dores são maiores ou se certas pessoas as suportam com mais facilidade.

Mas acho providencial manter essa pulga atrás da orelha para quando meu coração apertar.

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Começo de semana

Uma pequena história para nos inspirar a semana. Boa semana a todos:


Moisés divide as águas

“Às vezes a gente se acostuma com o que vê nos filmes, e termina esquecendo a verdadeira historia”, diz um amigo, enquanto olhamos juntos o porto de Miami. “Lembra-se dos “Dez Mandamentos? “
Claro que me lembro. Moisés – Charlton Heston – em determinado momento levanta seu bastão, as águas se dividem, e o povo hebreu atravessa a grande água.

“Na Bíblia é diferente”. Comenta meu amigo. “Ali, Deus ordena a Moisés: “diz aos filhos de Israel que marchem”. E só depois que começam a andar é que Moisés levanta o bastão, e o Mar Vermelho se abre”.

“Só a coragem no caminho faz com que o caminho se manifeste”.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Ringo

Hoje saí para conversar com um amigo e dialogamos bastante sobre as bandas, o motivo da existência delas, sua manutenção enquanto grupo e os inúmeros conflitos dentro dele. Conversamos bastante, quase a tarde toda.

Em determinado momento lembramos do documentário "Let it be", dos Beatles. Esse documentário foi feito na época para ser lançado junto com o disco. Mas no decorrer das filmagens diversas discussões, brigas, discordâncias e falta de incentivo fizeram com que ele se tornasse um fiasco (tanto que poucas pessoas sabem que ele existe). Mas se tornou um ótimo exemplar de como acaba um grupo.

É interessante ver as confusões no filme. Paul tentando fazer o filme render e salvar o que já estava morto. John já desligado do grupo. George bastante magoado. E Ringo indiferente esperando a hora de tocar. Um funcionamento desconectado, individual e falido. Quantas vezes a gente não vive algo assim sem perceber? Estendendo o enterro quilômetros adiante?

Aí, pensei: depois desse filme John saiu xingando todo mundo. Paul produziu bastante coisa. George entrou em processo meditativo e Ringo foi fazer uns discos e participar de outros.

E perguntei ao meu colega: quem tu queria ser aí nesse rolo?

Já pensava na minha resposta, se John ou Paul, e ele me sai rapidamente com essa:

- Ringo, é claro.

- Ringo?

- Claro. Ringo estava pronto para tudo. Ouvia John de um lado, via a genialidade em John e devia curtir isso. Ouvia Paul e puxa, devia curtir demais estar com um gênio como Paul. Caminhava com George feliz por tanta beleza em George. Era o melhor no papel que ocupava e facilitava o trabalho de qualquer um que contasse com ele. Não carregava o peso de ser um gênio e se encaixava em qualquer um dos caminhos. Eu não sei você, mas eu queria era ser Ringo.

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Sobre composição

Atualmente estou escrevendo uma letra para música de China. Escrever letras para músicas pré-concebidas virou minha especialidade, meu toc e hobby.

Engraçado a forma que passei a compor de uns anos para cá. Eu que era bastante ansioso virei um artista lento, paciente, disciplinado. Vixe!

Vou tentar de alguma forma traçar meu funcionamento ao compor uma letra. Tentarei fazer em mais de um post, valorizando cada passo do trabalho. Espero que sirva ou inspire alguém.


Passo primeiro:

Primeiro eu passo um tempo escutando a melodia, os acordes. É necessário se familiarizar com a canção. A canção já existe e eu preciso me tornar íntimo dela, bastante.

Fico ouvindo até que um sentimento transpareça: raiva, saudade, inveja, compaixão, culpa, medo, tesão, susto, falta, vontade, coragem.

Esse é o momento que considero mais importante e mais difícil ao escrever uma letra: escavar o sentimento que já está ali. Não adianta "querer" encontrá-lo, não existe tempo.

Sei de diversos compositores que levaram anos para compor uma letra, anos. Isso porque ainda não tinham encontrado o sentimento escondido por ali, e nesse instante não adianta ir em frente. Essa é a fundação da canção, é o que sustenta e ilumina tudo o que virá a seguir.

Não entrar em harmonia com a música nessa etapa vai apagar tudo o que for feito adiante.

É preciso paciência. Ouvir, testar, ouvir de novo. Pense em raiva e ouça a música. Em saudade e ouça. Em vergonha e ouça. Em paixão e ouça. Em desistência e ouça. E siga escutando.

Lembre-se: não estamos construindo uma história ainda, é apenas um sentimento, uma sensação. A história virá a seguir.

E como saber que o sentimento foi descoberto? Quando você achar perfeito e não tiver dúvida alguma sobre ele. Quando qualquer outro sentimento parecer equivocado, quando só o sentimento escolhido encaixar, seus olhos brilharem e como quem acerta na loteria um suspiro quase instintivo brotar de você: isso!

Então, é hora de partir para a segunda etapa. Em breve escrevo sobre ela.