segunda-feira, 30 de maio de 2011

Começo de semana

Toda segunda eu tento postar um pequeno texto reflexivo que nos inspire. Mas puxa, minhas histórias estão acabando. Quem tiver alguns causos na ponta da língua e quiser me ajudar será muito bem vindo. Podem enviar sugestões para o meu email: tiberioazul@gmail.com

Mas, ainda com algumas "balas na agulha", segue mais uma história.

Boa semana a todos.


Ainda está faltando algo

O mestre yogue Paltrul Rinpoché ouviu falar de um ermitão com fama de santo, que morava na montanha. E foi encontrá-lo.

- De onde vem você? - perguntou o ermitão.

- Venho de onde minhas costas apontam, e vou para onde está voltado meu rosto - respondeu Rinpoché. – Um sábio deveria saber disso.

- É uma resposta tola e metida a filosófica – resmungou o ermitão.

- E o senhor, o que faz?

- Medito há vinte anos. Estou perto de ser considerado santo.

- As pessoas já o consideram assim - comentou Rinpoché. Você conseguiu enganar todo mundo!

Furioso, o ermitão levantou-se:

- Como ousa perturbar um homem que busca a santidade? – gritou.

- Ainda falta muito para chegar a isso – disse o yogue. – Se uma simples brincadeira o faz perder a paciência que tanto busca, estes vinte anos foram uma completa falta de tempo!

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Palavras

Logo eu, poeta metido (ou metido a poeta?) escrever esse post. Mas bem, penso assim.

"Palavras apenas palavras pequenas palavras ao vento"... (acho que a autoria dessa música é de Marisa Monte com Moraes Moreira).

Diversos estudo modernos exaltam que as palavras não são nem 50% de uma mensagem. Ao se comunicar com alguém, uma pessoa utiliza diversos outros caminhos. O olhar, a tonalidade da voz, a textura da voz, pausas, toque, o ritmo, a variação do ritmo, os gestos, e, para mim, acima de tudo, algo inexplicável, que gosto de chamar de energia.

Tinha um amigo na adolescência que adorava nas festa tirar uma interessante brincadeira. Com o som rolando parava uma garota e executava todo o gestual de quem pergunta as horas: o olhar, o dedo apontando para o pulso, o desinteresse. No entanto, verbalmente somente, perguntava: quer transar comigo? Juro, em todas as vezes que eu o vi fazer isso, as garotas responderam as horas.

As vezes nos batemos no maior papo de egos, um tentando convencer o outro com palavras, citações, exemplos didáticos e coisas do tipo. Eu particularmente adoro fazer isso, e como jornalista e publicitário que já fui quando encontro um bom parceiro vou ao paraíso num longo papo intrigante.

O problema é acreditar nisso. Tento ver momentos assim como diversão somente, como tomar uma cerveja, comentar de um jogo, rir com alguém. Nada de estar certo ou errado.

Afinal são só palavras. E existe algo bem maior que de fato ninguém consegue colocar na mesa para definir um vencedor.

quarta-feira, 25 de maio de 2011

A porta de saída é pela janela

Não há senão uma saída, diz o poeta filósofo Rainer Maria Rilke, entrar em si mesmo.

O que mais posso dizer depois disso?



Entrar em si mesmo.




segunda-feira, 23 de maio de 2011

Sobre a riqueza

E lembro-me de uma frase que li no jornal na ocasião de uma briga de um funcionário com um poderoso empresário, quando o funcionário declarou calmo:

- Ele é tão pobre, mas tão pobre, que só tem dinheiro.

Segue uma rápida história para nos inspirar a semana. Boa semana a todos:



O reino deste mundo

Um velho ermitão foi certa vez convidado para ir até a corte do rei mais poderoso daquela época.

- Eu invejo um homem santo, que se contenta com tão pouco – comentou o soberano.

- Eu invejo Vossa Majestade, que se contenta com menos que eu - respondeu o ermitão.

- Como você me diz isto, se todo este país me pertence? - disse o rei, ofendido.

- Justamente por isso. Eu tenho a música das esferas celestes, tenho os rios e as montanhas do mundo inteiro, tenho a lua e o sol. Vossa Majestade, porém, tem apenas este reino.

quarta-feira, 18 de maio de 2011

O poder é pesado

É incrível como certas posições que transpiram poder pesam para os seus ocupantes. Nem sempre as posições carregam poder de fato, mas essa é a imagem que passam e isso passa a ser suficiente.

A imagem de perfeição incomoda bastante, a força faz brotar adversários, o poder alimenta cobrança.

No fundo, eu não acredito em nenhuma dessas coisas: perfeição, força, poder. Mas as pessoas recebem o que recebem e essa é uma decisão individual.

Quem se encaminha para esses lugares, mesmo que não seja por vontade, nem por desejo, mesmo que esteja vendo outras coisas, coisas novas e diferentes, mesmo que as cores que carrega não compactuem com essa tonalidade mais escura, mesmo que esteja atendendo a um movimento orgânico e natural, mesmo assim terão que arcar com os incômodos, com os adversários e com a cobrança.

Me parece que a única saída é abraçar a idéia inteira ou mudar de endereço.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Para nos inspirar a semana

Gosto de toda segunda repassar uma história, um causo, um conto que nos inspire a semana, que nos inspire o começo. Uma boa semana a todos:




"Mojud era um funcionário de uma repartição pública em uma pequena cidade do interior. Não tinha qualquer perspectiva de um emprego melhor, e seu país atravessava uma grande crise econômica, e Mojud já estava resignado em passar o resto de sua vida trabalhando oito horas por dia, e tentando divertir-se durante as noites e os finais de semana, vendo televisão.

Certa tarde, Mojud viu dois galos brigando. Com pena dos animais, foi até o meio da praça para separa-los, sem dar-se conta que estava interrompendo uma luta de galos-de-briga. Irritados, os espectadores espancaram Mojud. Um deles ameaçou-o de morte, porque o seu galo estava quase ganhando, e ia receber uma fortuna em apostas.

Com medo, Mojud resolveu deixar a cidade. As pessoas estranharam quando ele não apareceu no emprego – mas como havia vários candidatos para o posto, esqueceram rápido o antigo funcionário.

Depois de três dias viajando, Mojud encontrou um pescador.

- Onde você está indo? – perguntou o pescador.

- Não sei.

Compadecido da situação do homem, o pescador levou-o para sua casa. Depois de uma noite de conversas, descobriu que Mojud sabia ler, e propôs um trato: ensinaria o recém-chegado a pescar, em troca de aulas de alfabetização.

Mojud aprendeu a pescar. Com o dinheiro dos peixes, comprou livros para poder ensinar ao pescador. Lendo, aprendeu coisas que não conhecia.

Um dos livros, por exemplo, ensinava marcenaria, e Mojud resolveu montar uma pequena oficina.
Ele e o pescador compraram ferramentas, e passaram a fazer mesas, cadeiras, estantes, equipamentos de pesca.

Muitos anos se passaram. Os dois continuavam a pescar, e contemplavam a natureza durante o tempo que passavam no rio. Os dois também continuavam a estudar, e os muitos livros desvendavam a alma humana. Os dois continuavam a trabalhar na marcenaria, e o trabalho físico os deixava saudáveis e fortes.

Mojud adorava conversar com os fregueses. Como agora era um homem culto, sábio, e saudável, as pessoas lhe pediam conselhos. A cidade inteira começou a progredir, porque todos viam em Mojud alguém capaz de dar boas soluções aos problemas da região.

Os jovens da cidade formaram um grupo de estudos com Mojud e o pescador, e logo espalharam aos quatro ventos que eram discípulos de sábios. Um dos jovens perguntou, certa tarde:

- Mojud resolveu abandonar tudo para dedicar-se a busca da sabedoria?

- Não – respondeu Mojud. – Eu tinha medo de ser assassinado na cidade onde vivia".

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Caridade

Ta aí um assunto que as vezes me deixa reflexivo, intrigado.

(ca.ri.da.de)
sf.
1. Ação ou resultado de fazer o bem a quem necessita.
2. Sentimento e atitude de apoio aos necessitados.
3. Ajuda ou doação em favor de pessoas necessitadas; ESMOLA

Tenho uma larga sensação de que quando fazemos caridade (nesse conceito cristão que permeia quase todas as nossas religiões) estamos de verdade alimentando o nosso ego.

Quem recebe a "esmola" é o necessitado, o pobre coitado, o que espia, o sofredor, e por aí vai. E nós, por mais que tentamos encher nosso discurso de palavras humildes, assumimos a energia superior, e se não quisermos admitir-nos superior pelo menos temos "mais consciência".

Não me sinto bem nesse lugar.

De minha parte quando sinto vontade de fazer essa "bondade" tento apagar esse conceito e perceber que na verdade eu estou ganhando com isso. 

Não é doação, é troca.

Convivi certa vez com uma pessoa que assumia esse discurso de caridade. Doava presentes no Natal, se preocupava com os mais pobres, com a educação deles, se apropriava de lindos discursos. No entanto, ao seu redor, essa caridade não era assim tão presente. Amigos, irmãos, companheiros de trabalho, filhos... esses não recebiam essa doação toda.

Trabalhei um tempo em uma ONG com adolescentes em área de risco social e ali vi um pouco do que é caridade continuada. Eles costumavam se auxiliar em diversas áreas. Mas não era porque uns eram mais bondosos do que outros, ou mais religiosos, ou mais espíritas, ou mais ligados a Deus ou coisa do tipo. Eles se ajudavam porque todos precisavam. Aí sim, era um lindo movimento de parceria.

Esse é um tema amplo e merece conversas mais longas do que um post no blog.

Eu não sou contra a caridade como comumente é praticada. Sou a favor e até um adepto dela. Mas acredito que estamos todos caminhando para uma harmonia espiritual mais delicada e assim precisaremos rever alguns sentimentos.

Certa vez, um mestre me disse: "se você sentar em uma cadeira com um prego você fica sentado ou pula imediatamente sem nem ao menos pensar sobre o assunto? Pois é, ninguém fica em um lugar só ruim".

A sociedade se alimenta da própria sociedade: "não quero um novo sistema social, quero um homem novo", Che Guevara.

Na Semana Santa, em plena sexta, um senhor caiu desacordado em frente ao meu prédio, era fome. Quando desci dois homens já auxiliavam o senhor e eu feliz da vida com a cena fiquei só observando. Em determinado momento ele agradeceu emocionado:

- Vocês são pessoas muito boas, estão me salvando de um situação horrível, de vexame, Deus abençôe vocês.

E eu, sem resistir, respondi:

- Meu amigo, amanhã quem estará aí serei eu, o mundo gira rápido demais. Estamos ajudando a nós mesmos.

Ele sorriu e juro que senti um certo alívio na energia do senhor.

Para fechar, pergunto influenciado pela minha amiga leitora Mag: qual a nossa parte? A nossa parte é fazer de forma íntegra, inteira e sem esforço.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

De nossa parte nos cabe fazer a nossa parte

Um texto para inspirar a semana de todos. Boa semana:


Certa vez eu e um primo estávamos passando quando vimos um garoto, encolhido, cabeça baixa, aos prantos. Não resistimos e paramos o carro:

- Fui assaltado. Levaram tudo o que ganhei hoje e ainda as pipocas que estava vendendo. Se voltar assim meu pai vai me bater, disse o garoto com um choro e olhar comoventes.

Colocamos o menino no carro, fomos em casa, pegamos um lanche, roupas, tiramos dinheiro. No caminho da casa dele (na verdade perto da casa, na comunidade), conversarmos, falamos da importância da escola e coisas do tipo. Fizemos um pouco e seguimos nossas vidas.

Semanas depois soube que um garoto estava enganando as pessoas através de um choro convincente e história de roubo com detalhes idênticos a nossa experiência. Eu e meu primo ficamos chocados e depois de um tempo de silêncio concluímos:

- Bem, de nossa parte nos cabe fazer a nossa parte. O resto não é mais conosco.

Remeto essa minha experiência a história do sábio que certa tarde chegou à cidade de Akbar. As pessoas não deram muita importância a sua presença, e seus ensinamentos não conseguiram interessar a população. Depois de algum tempo, ele tornou-se motivo de riso e ironia dos habitantes da cidade.

Um dia, enquanto passeava pela rua principal de Akbar, um grupo de homens e mulheres começou a insulta-lo. Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi ate eles, e abençoou-os.

Um dos homens comentou:

- Será que, além de tudo, estamos diante de um homem surdo? Gritamos coisas horríveis, e o senhor nos responde com belas palavras!

- Cada um de nós só pode oferecer o que tem – foi a resposta do sábio.

sexta-feira, 6 de maio de 2011

Hoje não é um dia rosa, é uma dia branco

Hoje é um dia histórico, onde a nossa sociedade deu um passo para a frente, sem amarras, sem que o medo fosse o condutor da nossa direção.

Um dia que pode nos inspirar dias ainda melhores, o dia que resolveu respeitar as opções individuais.

Hoje (ou foi ontem) o Supremo Tribunal Federal reconheceu a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar.

Quando li a notícia no jornal fiquei radiante, e me senti vivendo algo histórico nesse país tão lento.

Li no jornal que hoje era dia de abrir champanhe rosa. Pode ser, mas eu prefiro dizer que hoje é um dia branco. Porque a cor branca é a união de todas as cores e é isso que uma decisão dessa pode nos imbuir: de compreensão para as diferenças, sem ditadura de cor nenhuma: todas as cores.

Por isso mesmo que os símbolos do homossexuais é um arco-íris, porque é amplo e irrestrito.

Parabéns a todos, porque é uma vitória de todos.


Leia aqui um pouco mais sobre o assunto.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

As coisas que estão com você

As coisas que estão com você estão seguras por você

O Zen diz que tudo o que está ao seu redor tem você ao redor dele

Tudo o que lhe toca é tocado

A dor é uma sensação compartilhada, o amor também

Tudo o que invade algo é invadido

Estamos onde estamos porque estamos

O que seguramos com as mãos conosco fica

E absolutamente tudo o que largamos segue sozinho

As coisas que estão com você estão seguras por você.

segunda-feira, 2 de maio de 2011

Para inspirar a semana

Como tento fazer toda segunda, segue uma pequena história para nos inspirar a semana. Boa semana a todos:



"Homem chega tarde da noite em casa. Cambaleante, derruba um pequeno jarro posto na entrada da porta e fica confuso. Em frente de si, um olhar frenético faz tremer o chão do apartamento. Como quem passou a madrugada em claro inflando a raiva e esperando o momento do confronto, a mulher pergunta segurando os dentes:

- Onde o senhor estava?

Ele dá um leve sorriso e sem nem ao menos pensar sobre o assunto responde:

- Estava em um lugar tão maravilhoso mulher, que só voltei porque te amo.

Ela se desconcerta, fica confusa. As pontas do lábio tentam esticar. Ela impede. Mantém a postura. E como quem não quer perder o posto, emenda:

- E esse cheiro de cachaça? Você está bêbado é?

- Estou meu amor, estou bêbado e apaixonado.

Ela se rende, levanta o jarro e com a delicadeza que o amor merece o envolve em seus braços enquanto libera o lábio e todo o corpo para a alegria devida".