quarta-feira, 27 de julho de 2011

Vício

- Eu meu filho graças a Deus nunca me envolvi com essas coisas de vício não. Esse pessoal que enche a cara, fica bebendo. Eu não tenho descriminação, mas não gosto, sabe?

Falava docemente a senhora enquanto comia a segunda fatia do bolo de morango com calda de chantily e chocolate.

- O pessoal bebe, fica sem controle, falando besteira. Acho horrível. A pessoa para mim tem que ter controle da vida, o vício é horrível.

Quando insinuava ir para a terceira fatia ouviu a doméstica gritar da cozinha:

- Dona Maria cuidado com o doce. Lembra o que o médico falou, a senhora quase diabética pode passar mal.

- Fica na sua menina, se ponha no seu lugar. Que coisa esse povo, me dá uma raiva. Mas como estava dizendo, acho que a pessoa tem que viver com consciência do que faz mal. Para que fumar e usar drogas se a pessoa já sabe que vai acabar adoecendo. Eu mesmo, repito, nunca me viciei, se gabava já no quarto pedaço de bolo.

*essa história é completamente invenção escrita apenas para ilustrar um pensamento

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Uma boa morte?

No final do programa "Provocações", na TV Cultura, Antônio Abujamra quando de frente a um artista costumava perguntar enfático na profundidade que os olhos permitem:

- Uma boa vida ou uma boa morte?

É uma questão complexa, longa, de datas retrógradas e vanguardista, uma questão que passeia e permeia a mente inquieta dos que mergulham na arte e se afogam e renascem e voltam a se afogar. Uma boa vida? Ou uma boa morte?

Acabamos de ver uma diva, um mito, um ícone da geração optar por uma boa morte, ou seja, uma morte histórica, no centro de uma obra digna de ser lembrada pelas gerações, uma morte de um artista que se doou e se anulou na beleza artística, que se entregou inteiro e sucumbiu como deveria.

E uma boa vida? A vida tranquila, de relacionamentos tranquilos, de trabalho e dia a dia. Uma vida que alguns insistirão em chamar de medíocre, ou ainda melhor, comum.

Na minha opinião, essa é apenas uma questão de escolha. Cazuza, Jim Morrisom, Cassia Eller, Janis Joplin e tantos nomes eternos optaram e deram a vida pela arte. Eles se tornaram a arte, cantaram-na dentro de si e sucumbiram quando ela sucumbiu.

Outros, como Chico, Caetano, Paul Mcartney e tantos optaram por se tornarem narradores de suas obras, observadores, ou como Chico já declarou: "um operário do serviço artístico". Se tornaram grandes também, claro, mas optaram por sentar no banco de reservas e deixar que a arte reinasse sem seus corpos e personalidade.

Particularmente acho ambos os caminhos justos. Se tivesse que responder a Abujamra diria sem pensar: "uma boa vida, e longa de preferência". Mas não me ausento do coro que lamenta a saída do convívio de nomes tão grandiosos e se emociona profundamente com o tamanho da entrega deles.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Meia noite em Paris

Na tentativa de dar mais movimento a esse blog, ainda (talvez eternamente) em construção, pensei em toda sexta indicar algo: uma música, um disco, um filme, um parque, um prato, um restaurante, um lugar, uma peça, uma praia, um fazer nada. Algo que possamos degustar no fim de semana - e quem sabe prolongar nos restos dos dias.

Pretendo também receber dicas e repassá-las. Ou até convidar pessoas para que indiquem de próprio punho (tecla).

Para começar gostaria de indicar o novo filme de Woddy Allen. Eu sou bem suspeito para falar porque sou um fã desse cineasta verborrágico de longos discursos e idéias cativantes. Na minha opinião essa nova safra de Allen, com filmes com Vicky Cristina Barcelona, Tudo pode dar certo, Você vai conhecer o homem dos seus sonhos e o mais recente Meai noite em Paris, está recheada de criatividade, bons atores, ótimos roteiros e muita sutileza.

Meia noite em Paris é um filme cativante, gostoso, de risada leve e textos vivos. Um filme despretensioso como deve ser dar uma volta por Paris sem destino. Em uma entrevista, Woddy disse que não tinha idéia do que o filme seria, deu o título e partiu para ver o que aconteceria a meia noite em Paris.

Eu que nunca fui a "Cidade Luz" saí do cinema com água na boca, uma inveja branca danada e planos para a viagem.

Um bom destino nesse final de semana.


quinta-feira, 21 de julho de 2011

As vezes, é.

É engraçado, mas em alguns momentos pensar e cuidar de si é um ato de grande compaixão com os outros.

E cuidar excessivamente dos outros é um grande ato de egoísmo.

Engraçado.

As vezes, é.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Isso é que inspira a semana

Sob os inspirados olhos de Woddy Allen minha orquídea surpreende a todos e aponta uma nova flor.

Isso sim é que é inspirar a semana. Ô bichinha danada...


quarta-feira, 13 de julho de 2011

Olhando pelo bolso

"Desculpe a irritação, estou mesmo sem paciência. Mas é que me sinto sozinho e fico sobrecarregado com tudo isso. É como se tivesse um buraco aqui dentro, sabe? Uma sensação ruim, de solidão. Fica mais do meu lado? É tanta coisa na minha cabeça, tanta coisa. Me sinto só. Essa é a verdade. Mesmo no meio de tanta gente, no meio de uma multidão, eu me sinto só. Dá vontade de sentar em um canto e pronto, esperar o tempo passar. Deixar o tempo passar. Mas não posso, não posso fazer isso. Tu acha que eu posso? Posso não, se eu parar como vou sobreviver? Esse buraco, essa cratera aqui dentro... as vezes me dá raiva. Mas depois eu esqueço, sabe? O dia vai passando e eu paro de pensar nisso. Não sei te dizer se eu paro de sentir, isso eu não sei, parece que eu paro de perceber. Sempre me perguntei se quando uma pessoa vai se operar e recebe aquela anestesia se ela não sente a dor ou se ela sente e depois esquece. Eu me sinto anestesiado, e também não sei se as vezes eu só me esqueço um pouco. Sim, sim, o vazio está aqui dentro sim, e as vezes ele me dá uma folga e as vezes ele entra em ebulição feito agora. Mas deixa pra lá. Todo mundo tem suas coisas não é? Como diz aquela música lá: a gente vai levando".



Estava pensando, nessa fala, o homem é rico ou pobre?

No coração, faz diferença?

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Sem pedir nada

E logo eu que sou um contra-publicidade danado. Que me formei em publicidade e tenho direito de falar de algo que me decepcionei. Que reclamo, faço birra, cara feia e impropérios desnecessário. De repente, logo eu, vejo uma coisa dessa me emociono e choro... com uma propaganda... e da Coca Cola.

É fogo.

Mas é tocante.

E me parece sincera.

Para inspirar a nossa semana posto uma propaganda de 30 segundos passada na Argentina de uma delicadeza incrível.

Boa semana a todos.


sexta-feira, 8 de julho de 2011

Fui até Manaus

No último fim de semana fui com a BANDA SEU CHICO para Manaus. Puxa, quando soubemos do show ficamos excitados. Afinal, o mercado costuma levar bandas independentes para São Paulo, Rio, talvez Brasília e Porto Alegre. Mas para Manaus? Parecia um presente, e foi.

Chegamos a cidade verde com cheiro de água doce e fomos recebidos com sorrisos calorosos desde o aeroporto. De noite, mais de 700 pessoas para ver o show.

Caramba, fiquei impressionado. Foi lindo. E eu já conto os dias para voltar.

Então aqui coloco um vídeo (gravado nesse show) em homenagem a cidade nos acolheu da melhor forma possível: com abraços.

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Vai pra onde meu filho?

Toda mudança sofre resistência. A lei da inércia atua nos corpos e nos seres.

Mesmo que não se diga nada nem tampouco uma opinião somente, mesmo assim sair do lugar obriga todas as outras pessoas a se reorganizarem.

Para alguns grupos a mudança significa traição. Alguns grupos mergulham nos pactos e obrigações e esquecem da liberdade dos sentimentos e vontades.

Ao perceber o desconforto levantamos e seguimos. E modificamos não somente a nós mesmos mas ao grupo onde estamos, a família, os amigos e talvez o mundo inteiro.

E arcaremos com a ira de alguns. Faz parte e ela é justa também, como é justo o movimento de mudança.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Para começar a semana meio atrasado

Esse final de semana foi uma correria danada. Como falei no post anterior me danei lá para Manaus, uma cidade diretamente conectada a terra mãe, com uma poesia verde constante e cheiro de água doce.

Voltei e demorei a voltar. Mas voltei.

E atrasado que só eu mesmo, admito que sou quase um atrasado pontual, venho postar aquele texto que costumo postar toda segunda. Uma texto leve que nos inspire, nos expire e nos preencha. Ou apenas nos faça pensar um pouco.

Dessa vez peguei emprestado o texto postado na página de uma amiga no facebook.

Segue para vocês as palavras de um cineasta pensador que admiro bastante:


"Na minha próxima vida, quero viver de trás pra frente. Começar morto, para despachar logo esse assunto. Depois, acordar num lar de idosos e ir-me sentindo melhor a cada dia que passa. Ser expulso porque estou demasiado saudável, ir receber a aposentadoria e começar a trabalhar, recebendo logo um relógio de ouro no primeiro dia. Trabalhar por 40 anos, cada vez mais desenvolto e saudável, até ser jovem o suficiente para entrar na faculdade, embebedar-me diariamente e ser bastante promíscuo. E depois estar pronto para o secundário e para o primário, antes de virar criança e só brincar, sem responsabilidades. Aí viro um bebê inocente até nascer. Por fim, passo nove meses flutuando num "spa" de luxo, com aquecimento central, serviço de quarto à disposição e espaço maior dia-a-dia, e depois - "Voilà!" - desapareço num orgasmo".

Woody Allen

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Correria e um lugar novo

Essa semana está uma correria danada, um infinidade de coisas para fazer e resolver. Todas coisas boas, gostosas, daquelas que parece a primeira vez - e é.

Recebi ontem a prévia definitiva da capa do meu disco solo e fiquei tocado com o que vi, me emocionei mesmo. Uma alegria tremenda. E a promessa de que essa semana que vem ele segue para a fábrica.

E daqui a pouco eu sigo com a Banda Seu Chico para Manaus. Puxa, Manaus... sempre quis ir a Manaus e sempre tive a impressão de que Manaus estava mais perto dos gringos, dos americanos e europeus, do que de mim. Ledo engano e eu estou com as malas prontas para conhecer o pulmão do mundo.

Nessa correria e emoção toda não tive tempo para escrever um post decente, discorrer sobre uma idéia, um novo olhar.

Mas com certeza voltarei de Manaus com a cabeça a mil, com a alma fervilhando de boas vibrações e cheio de matéria prima para posts inspirados.

Até breve amigos, vou respirar um pouco de ar puro ali e volto logo.