quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Eu sou poeta

Recentemente, resolvi vestir-me com o adjetivo de poeta:

- Mas você escreve poesia? Tem livros de poemas?

Entenda poesia como arte. Entenda poesia como o olhar poético para a vida.

Penso agora em poeta como os antigos artistas mambembes, que chegavam na praça da cidade e emprestavam suas visões, musicalidade, sua volúpia de adentrar os lugares misteriosos da existência e corriam o gigante perigo de olhar para as coisas por inteiro.

Penso nos poetas como todos aqueles que resolveram pintar suas visões - ou quem sabe apenas desbotar tudo o que viam e veem.

Penso nos poetas como os que receberam o talento da sensibilidade e se entregaram a eles.

Hoje, muito resolveram embarcar nas definições do medo que nos enquadram, dão nomes, definem o lugar, função, orgão, ramal, valor, dia, hora, passos... tudo para evitar o desconhecido (e o desconhecido é tão belo).

Eu não sou músico, cantor, escritor, produtor, jornalista, vagabundo. Eu sou poeta.

Eu não faço música, poema, livro, discurso.

Eu faço poesia.
Eu faço amor.

segunda-feira, 22 de fevereiro de 2010

Um trecho

Estava escrevendo um texto, assim sem caminho definido. Não sei se para virar uma música, ou um poema branco, ou até um texto poético.

Aí, pensei em colocar esse texto recém nascido ainda sem caminho ou definição aqui. Quem sabe alguém cuida melhor dele do que eu, ou assume uma paternidade conjunta manda trechos também.

"Tudo que eu escrevo me descreve

Brota sai das minhas veias

Pulsa, sangue me parece

Tudo corre em seu destino

Norte sul leste ou oeste"

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

O carnaval em Recife

Tanto tempo sem postar nada aqui no blog so pode ter uma explicacao razoavel: o carnaval de Recife. Por isso, escolhi falar sobre esse danado agora.

O fato é que o carnaval em Recife se estende alem das fronteiras de outros carnavais. Nao é definitivamente uma festa para a TV porque é uma festa para as pessoas, onde o valor mesmo é estar no meio do bloco.

Quase como uma tradicao familiar os blocos e trocas se estendem e tomam conta da cidade. Familias fundam seu blocos, ruas, predios, empresas, amigos, grupos - todos querem fundar seus proprios blocos. Na capital pernambucana é mais valioso uma pequena e intima troca carnavalesca do que grandes e concorridos blocos.

Andando para o foco da folia com dois turistas a tira colo, percebi que bem antes de chegar no destino ja estava orgulhoso da beleza da festa. Pessoa fantasiadas pelas ruas, gente sorrindo, pequeninas festas individuais.

Sem duvida o carnaval em Recife nao é uma festa organizada pelo governo e bandas.
O carnaval de Recife é um estado de espirito.

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

As duas cores da amizade

Sempre ouvi, e até já concordei, que amizade entre homem e mulher é difícil, complicada, momentânea, ou até impossível. Entendo os vários pontos desses argumentos, e concordo com parte deles - de fato, é complicado.

Mas não acredito que seja impossível.

Assim sendo, me ponho como exemplo vivo, e as vezes até exagerado. Tenho sim algumas amigas mulheres e algumas incrivelmente próximas sem qualquer segunda intenção. Uma delas, que me acompanha a muito tempo e que hoje já considero como uma irmã, era motivo de extrema desconfiança em épocas de adolescência - o velho e malvado colegial. Nunca tivemos nada, nem perto de algo. Mas aproveitei a beça essa incompreensão me divertindo com a falta de maturidade alheia.

Eu penso que a amizade entre sexos diferentes necessita bastante de sinceridade e falta de joguetes. Com as cartas na mesa é possível estabelecer limites, abraços, intimidade. O problema é que a maioria, e uma maioria gigante, está acostumada a jogar nos relacionamentos, medir passos, mesmo que as vezes sem perceber sua própria movimentação.

Bem, nem todas as amizades frutificaram como esperava, algumas cairam de fato no óbvio, mas as que restaram valeram deveras a pena as tentativas. Sei que a relação não sexual entre sexos diferentes é difícil, mas enriquecedora.

Tentem...

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Para Manoel de Barros

O que importa ao poeta não são as palavras

o que importa ao poeta são os olhos

não os olhos de ver

os olhos que amanhece.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Sendo outro para se eu

Um pequeno texto do poeta e crítico de arte Ferreira Gullar:

"O poeta fala dos outros e pelos outros homens mas só na medida em que fala de si mesmo, só na medida em que se confunde com os demais.
É da própria natureza da arte romper os limites da solidão, ainda que seja abismando-se nela, transcedendo-a por baixo".

Acedito que essa idéia é algo embutido no que já venho falando sobre o caminho para a frente. Gostei bastante. Na verdade, gosto das críticas elaboradas por Gullar - embora não todas, claro (porque críticas foram feitas para contestar e serem contestadas).