quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

Obrigado aos blocos e fanfarras dentro de mim

Então levantamos e vemos que o carnaval passou e com ele nossa energia foi renovada, limpa, renascida. Tiramos a cabeça do travesseiro, as máscaras e fantasias e seguimos realizados para o trabalho, para aquilo a que entregamos nosso tempo, dedicação e respiro.

Obrigado blocos e fanfarras dentro de mim.

Obrigado aos caboclos de lança que me ensinam o truque da batalha colorida e ao maracatu que potencializa o que me pulsa.

Obrigado ao frevo que me salta, as marchinhas que me carregam e o frevo de bloco abraçando sem distinção.

Aos bêbados e as bebidas que libertam, as mulheres que me incitam e aos homens que me desafiam.

Obrigado as fantasia que nos divulgam e se permitem terminar.

Obrigado ao carnaval que me joga de um lado para outro e prova que viver é uma alegria.




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Quando algo maior fala conosco

Sexta feira fui na casa de um amigo nas Graças, em Recife. Quando ia tocar o interfone um mendigo me abordou.

Gentil, começou a falar de forma delicada, lenta: "não estou pedindo dinheiro, de forma alguma", repetiu.

Vivemos em um mundo de jogos, de artimanhas, de maneirismos e métodos de vitória. Infelizmente isso é verdade e acontece o tempo inteiro. E por vezes, costumo sair de certas abordagens pela tangente, como uma forma de proteção.

Mas não foi o caso.

Algo ali me pareceu precioso, sincero.

Parei, me virei completamente para o mendigo, olhei nos seus olhos e disse: pode falar.

E comecei a ouvir. Ele falou rapidamente de sua história (mas sem muita melancolia) e de sua situação, explicou o que me precisava e teve um ouvinte atento.

Ele não queria dinheiro, é fato. Mas ele precisava de dinheiro, e era óbvio. Dei tudo o que tinha carteira. E a princípio ele não gostou.

- E o que eu vou fazer por você em troca dessa ajuda em dinheiro?, questionou incomodado.

- O senhor vai permitir que o universo me devolva de outra forma.

- Está certo, está certo, disse tranquilo.

Conversamos um bom tempo e fiquei admirado com o olhar, a lucidez e a gentileza do senhor que já devia passar dos seus 60 anos.

Dei uma camiseta do Bandarra, meu disco solo, e exaltei que o estava presenteando porque ele era uma ótima propaganda, um homem de energia boa. E por fim, ouvi lições preciosas, como se ouvisse direto dos céus, das pedras e do chão saindo da boca daquela figura que ninguém espera muita coisa:

- Carro passa meu filho, ele disse, dinheiro passa, banda passa. Mas mantenha-se na humildade, deixe que seus olhos falem por você. Porque você pode perder tudo e não terá importância, mas não perca sua humildade.

Ouvi com todo respeito que coube em mim e saí emocionado daquele encontro, certo que conversei com algo maior.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Um ensinamento

Ontem ouvi esse ensinamento e queria compartilhar com vocês:

"No caminho do guerreiro pleno, a seriedade é um obstáculo".


Fiquei com a cabeça a mil, pensei um milhão de coisas.

Mas foi um ensinamento direto, imagético e não cabem longos discursos.

Cada um escreve o seu.

O que acham?

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Passo 1

- Estou angustiado.

- Mas meu amor não fique assim. Veja quanta coisa boa tem acontecido, como você melhorou no trabalho do ano passado até aqui, como conquistou amigos, companheiros, admiradores. Tanta coisa boa, não fique angustiado.

- Porque?

- Porque o que?

- Porque não posso ficar angustiado?

- Porque tem muita coisa boa.

- Mas será que minha angustia é por causa das coisas boas?

- Não sei.

- Nem eu.

- ...

- Não estou tentando acalmar essa agonia com palavras bonitas agora. Antes de tudo, como o primeiro passo, preciso saber quem ela é. E por isso, a deixo passear um pouco.

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

O mundo tem pressa, eu nem tanto

Li essa frase em uma entrevista do cantor, compositor e músico Cícero (para ler clique aqui).

Exatamente isso.

Para mim a arte é a excelente manobra de lidar com um ritmo próprio.

E se todos estão fazendo samba porque não posso fazer rock?

Se todos fazem rock porque não posso fazer jazz?

Se todos fazem jazz, eu posso fazer choro?

E se o choro está tão forte posso até fazer samba, não é?


É sim, buscar um ritmo próprio é o princípio de uma grande composição.

Começa na arte, estende-se pela vida.

quinta-feira, 12 de janeiro de 2012

Campanha contra nada, a favor

Sem pensar nem uma vez, eu apoio integralmente o respeito a diferença, as escolhas, a liberdade, a gentileza, o caminho aberto.

Achei essa campanha delicada, simbólica. E não por defender um grupo específico apenas, mas porque para mim ela defende a ausência de algum modelo sobre outro.

Hoje o foco de intolerância pode ser uma opção sexual, mas já foi por causa de uma opção profissional ou de atitude, e amanhã (ou hoje já) poderá ser por estética, forma de andar, maneira de se vestir, de sorrir, de sotaque, de nascer, de morrer, de ter, de largar, de abraçar... enquanto algum modelo de sobrepor a outro eu estarei em enorme risco.

Alimento o cavalo solto, no pasto, as moscas, livre para seguir o próprio ritmo - bandarra.

Vivemos um tempo de mudanças. Coisas boas virão.



quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

O mundo é justo

Criei uma teoria para mim em 2012: o mundo é justo.

Mas puxa, "eu dou tanto amor as pessoas e só recebo patadas"... talvez não esteja dando amor de verdade, mas alguma outra coisa parecida.

Resolvi acreditar que recebemos aquilo que nos compete, aquilo que vibramos, aquilo que acreditamos merecer.

Dessa forma irei buscar solução em mim e não nos outros. Alguém me trata mal? Tentarei ser ainda mais gentil com ele. Alguém não gosta de mim? Tentarei ficar mais perto para que ele me conheça melhor.

Sei que essa teoria (eu sou uma pessoa cheia de teorias) merece mais cuidado e mais reflexões quando aprofundamos em outros temas, mas nesse instante na minha vida corriqueira ela funciona bem.

Estou recebendo coisas maravilhosas: eu mereço.
Estou passando por coisas bem confusas: eu mereço.