segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Correndo dos monstros

Duas meninas novinhas:

- Ai, tenho tido um pesadelo que me dá um medo danado.

- Sério? Como é?

- Alguns monstros me perseguem, correm atrás de mim. Aí eu tento abrir um porta, luto, abro e tem outra porta. Quando estou abrindo a segunda porta eles rapidamente abrem a porta atrás de mim e sigo e encontro outra porta e eles continuam abrindo as portas atrás de mim. É horrível. Tenho um medo danado deles.

- Puxa, deve ser mesmo. Mas como eles são? São bruxas? Bichos? Tem garras? Dentes afiados? Lobisomens?

- Não sei.

- Como assim?

- É que estou tão preocupada em correr deles que não prestei atenção em quem eles são.

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Esticar as velas

Eu estou na maior correria com o lançamento do meu primeiro disco solo. Uma série de atividades depende de mim, tenho que organizar, definir, criar, coordenar, supervisionar, revisar, consertar, resolver e por aí vai.

De repente, com essa velocidade toda, começo a entrar na "pilha", a ficar "ouriçado", tenso, com a cabeça a mil evitando todo o tipo de erro, concentrado para controlar as falhas e garantir o sucesso da empreitada.

É...

... parece que com dedicação e esforço dá pra controlar...

... parece...

... mas não dá.

Então eu lembro que essa sensação que permeia minha cabeça é falsa. Eu não controlo nada disso tudo. O máximo que posso fazer é esticar a vela no caminho que pretendo, mas o vento, meus amigos, vem quando quer, na força que tem vontade e para onde se interessa.

E nós somos um barco a vela que só navega a partir do vento e da maré. E essas duas estão completamente fora dos nosso braços controladores.

Também acho que definir em exagero caminho a seguir por vezes nos estaciona tempo demais. Tudo bem que queremos seguir para o norte, por exemplo, mas se o vento e a maré nos empurra para o nordeste é bom seguir o fluxo, porque de alguma forma esse danados sabem mais do que nós.

Assim, relaxo um pouco os ombros, abaixo os braços, solto os dedos, sento um pouco e torço para que eu possa me divertir bastante na navegação.

Ah, aproveito para convidá-los para o tal evento que falo: dia 20, amanhã, em Recife, no Espaço MUDA, na Rua do Lima, as 20h, lançamento do CD Bandarra, com exposição, degustação, confecção e música.



"O que faz um barco andar não é a vela enfunada, mas o vento que não se vê", retirado da internet com a assinatura de Platão.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

A teoria do abraço

Pequenos alunos chegavam em um mosteiro para visita. Na entrada, se depararam com um cachorro assustador, que latia, rosnava, babava e tentava largar a corrente que o prendia sedento por alcançar os pequenos.

Todos ficaram bastante assustados e passaram devagar, pelo canto, evitando qualquer aproximação com o bicho.

Quando já entravam no pátio a corrente soltou.

E o cachorro partiu com toda fúria e desejo para cima das crianças.

Em pânico os alunos ficaram paralisado, congelados de medo.

Um deles, no entanto, e de repente, se danou a correr exatamente na direção do animal. Ninguém entendeu.... nem o cachorro, que levou um susto danado, recolheu o rabo entre as pernas e voltou para seu canto assustado e surpreso com a atitude do menino.

Eis a teoria do abraço. Boa semana a todos.

terça-feira, 11 de outubro de 2011

Vixe que medo

Bem, estou no meio do processo de lançamento do meu primeiro disco, Bandarra. E por isso, cheio de atividades e um tanto relapso com o blog. Mas faz parte...

Hoje queria falar sobre um livro que estou lendo - "Quando tudo se desfaz", da monge Pema Chodron. Um livro legal que não é auto-ajuda (embora as vezes pareça). É um livro de temática sentimental que insere conceitos budistas na nossa forma ocidental de ver e agir com tudo.

Em determinado momento, a autora fala sobre o medo e como o medo é um portal para nós mesmos. Em um momento de pânico largamos nossas máscaras e nos mostramos de forma mais crua criando para os atentos uma oportunidade de ver e abraçar o seu eu mais profundo.

Isso é um tanto complexo e filosófico. Mas o fato é que ela indica a aproximação do medo e ressalta o destemor.

O destemor não é a falta de medo, que nós, nossas imagens e mídia tanto ressaltam e valorizam como "coragem". A nossa palavra "coragem" é ausência de medo, o corajoso nada teme. Para a autora é o contrário, é o destemor: mesmo com medo seguimos adiante e confiante.

Certa vez, um amigo a confidenciou:

- Você é a pessoa mais corajosa que conheço. Porque você é covarde e medrosa e mesmo assim continua caminhando.

Tentar adestrar, acolchoar, afastar, correr do medo é um processo árduo e penoso que acaba por nos viciar e vitimar em todos os artifícios e artimanhas que nos tirem da realidade.

Ela fala então em acolher, com serenidade, e familiarizar-se consigo.

De frente para um grande mestre, a autora perguntou como era a relação dele com o medo e ele respondeu: - Eu concordo, eu concordo.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Bandarra

A algum tempo eu venho produzindo, gravando, finalizando o meu primeiro disco solo, Bandarra.

Um disco que tem meu nome, de fato, mas carrega o sobrenome de muita gente querida. Um disco feito de abraços e de pessoas que o abraçaram e continuam abraçando.

Hoje gostaria de indicar ele, libriano, que nasceu ontem, em ritmo próprio, com um sorriso sereno.


O disco está inteiramente disponível para download com a arte gráfica inclusa. Eu acredito no vento, no sol e na internet. Por isso, resolvi soltá-lo livremente como quem deixa uma bola rolar sozinha pelo campo aberto.

Sintam-se a vontade e por favor sintam-se mais a vontade ainda para passarem suas impressões.


segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Dormindo ou acordado?

Em uma conversa informal, o aluno comenta:

- Olha, para ser sincero, meu sonho é acabar esse curso com louvor.

O professor olha fundo nos olhos do aluno, segura o braço com leveza e gentil diz:

- Não tenha sonho, tenha visão. Sonho é a qualidade de quem dorme.