Eu acho que já falei sobre isso aqui no blog... mas uma repetição faz parte da vida, não?
Toda vez que me sinto angustiado costumo ir a praia. Nem sempre consigo, mas é minha saída terapêutica predileta. Hoje acordei com um nó na garganta e debandei-me para o oceano.
A imensidão do mar me deixa silencioso, o rolo compressor que por vezes carrego fica pequeno, miúdo, tímido ao perceber que é menos do que uma ameba perto daquilo tudo.
Aí eu começo a prestar atenção nas ondas, todas, inúmeras, ininterruptas, uma atrás da outra, e outra.
E se fossemos uma onda? Tentando ser a maior onda. Tentando ser a mais longa onda. A onda com o começo mais definido. Tentando ser a mais extensa. Tentando possuir a melhor iluminação.
Muito triste se eu fosse uma onda.
Oh onda... relaxa um pouco. Tem onda grande, tem outra pequena e tem umas médias. Tem onda que não começa tão bem mas alcança tamanho. Tem outras com a sorte de pegarem um lindo nascer do sol. Tem onda com larga extensão. Tem curtinha. Baixa. Escura. Torta. Dividida.
Nem vai adiantar você choramingar, nem faz sentido choramingar. Choramingar para quem? Choramingar porque? É assim que é.
Mas olha, saiba que todas (todas viu?) acabam na areia.
Então minha querida onda, não tente ser o mar, seja-o.
sexta-feira, 29 de outubro de 2010
quarta-feira, 27 de outubro de 2010
Fase ruim
Feriado passado fiz uma viagem para Barra do Cunhaú, uma linda praia no Rio Grande do Norte. Bem, mas não é sobre isso que quero falar.
No caminho parei em um posto para abastecer e comprar água. Quando já estava de saída uma senhora se aproxima de mim discretamente e me vem com essa:
- Boa tarde, será que o senhor poderia me dar uma ajuda? É que estou doente. Estou passando por uma fase ruim.
Parei. Talvez nem todos percebam a grandeza do que essa senhora me falava. Ela estava passando por "uma fase ruim": não seria uma mendiga para sempre, não estava impregnada naquele papel, não era pior do que eu, nem melhor, estava em uma fase assim como eu poderei estar no futuro, ou os outros, era uma pessoa em túnel onde para frente poderia sim existir luz, verde e paz.
Fiquei emocionado naquele instante. Foi um olhar zen, um olhar de quem pretende remar a favor da correnteza.
No pico de uma crise, cheio de problemas, um aluno não podia ouvir ensinamento melhor do seu mestre: "pois é meu filho, você está passando por uma fase ruim. É só isso".
No caminho parei em um posto para abastecer e comprar água. Quando já estava de saída uma senhora se aproxima de mim discretamente e me vem com essa:
- Boa tarde, será que o senhor poderia me dar uma ajuda? É que estou doente. Estou passando por uma fase ruim.
Parei. Talvez nem todos percebam a grandeza do que essa senhora me falava. Ela estava passando por "uma fase ruim": não seria uma mendiga para sempre, não estava impregnada naquele papel, não era pior do que eu, nem melhor, estava em uma fase assim como eu poderei estar no futuro, ou os outros, era uma pessoa em túnel onde para frente poderia sim existir luz, verde e paz.
Fiquei emocionado naquele instante. Foi um olhar zen, um olhar de quem pretende remar a favor da correnteza.
No pico de uma crise, cheio de problemas, um aluno não podia ouvir ensinamento melhor do seu mestre: "pois é meu filho, você está passando por uma fase ruim. É só isso".
segunda-feira, 25 de outubro de 2010
Conclusões da turnê
Após uma mini turnê de uns 15 dias volto pra casa com algumas conclusões:
1- China é foda. Um artista de extrema força dentro e fora do palco levanta até defunto ou gente decidida a parecer com um.
2- A BANDA SEU CHICO é divertida pra cacete.
3- Deu problema? Pula um pouco mais alto.
4- Porra Lenine, precisa ser isso tudo?
5- Em São Paulo tudo funciona, mas é feio demais.
6- O Rio é lindo, mas nada funciona.
7- Quem tem amigos conquista o mundo.
![]() |
Foto gentilmente copiada de Letícia Aido (desculpa viu Letícia? É que a foto é linda e não resisti) |
quinta-feira, 21 de outubro de 2010
Viagem
"As vezes precisamos nos distanciar de um ponto para ficar relativamente perto".
Ouvi essa frase uma vez na peça "A história do zológico". Guardei-a e toda vez que viajo lembro um pouco dela.
Eu acho mesmo que muitas vezes a distancia nos auxilia a entender nosso funcionamento em algum sistema.
Existem pessoas com habilidades de se verem distante sem necessariamente terem que fisicamente se distanciarem. Puxa, é uma bele habilidade.
Nietzsche dizia que "o homem comum vive; o super-homem se vê vivendo".
Disse também: "eu não posso me conhecer, meus olhos estão demasiados perto de mim".
Pois bem, um pouco de respiração e distancia não faz mal a ninguém.
Ouvi essa frase uma vez na peça "A história do zológico". Guardei-a e toda vez que viajo lembro um pouco dela.
Eu acho mesmo que muitas vezes a distancia nos auxilia a entender nosso funcionamento em algum sistema.
Existem pessoas com habilidades de se verem distante sem necessariamente terem que fisicamente se distanciarem. Puxa, é uma bele habilidade.
Nietzsche dizia que "o homem comum vive; o super-homem se vê vivendo".
Disse também: "eu não posso me conhecer, meus olhos estão demasiados perto de mim".
Pois bem, um pouco de respiração e distancia não faz mal a ninguém.
sexta-feira, 15 de outubro de 2010
Pré- estréia BANDA SEU CHICO
Queridos amigos e leitores amigos,
nesse domingo (dia 17) à partir das 21:00 será exibido em primeirão mão o dvd da BANDA SEU CHICO, banda da qual faço parte.
A exibição será no CANAL BRASIL, um canal de TV a cabo. Por isso, quem não possui TV a cabo e quiser assistir terá que ir a casa de um amigo que possua ou em algum lugar que disponibilize.
Essa é a pré-estréia do DVD que estará nas lojas na segunda semana de novembro.
No programa teremos o show, e também o making off que foi gravado com a presença do próprio Chico em uma pelada: BANDA SEU CHICO X POLITHEAMA. Os fãs de Chico, assim como eu, devem conhecer o bom e velho Poltheama.
nesse domingo (dia 17) à partir das 21:00 será exibido em primeirão mão o dvd da BANDA SEU CHICO, banda da qual faço parte.
A exibição será no CANAL BRASIL, um canal de TV a cabo. Por isso, quem não possui TV a cabo e quiser assistir terá que ir a casa de um amigo que possua ou em algum lugar que disponibilize.
Essa é a pré-estréia do DVD que estará nas lojas na segunda semana de novembro.
No programa teremos o show, e também o making off que foi gravado com a presença do próprio Chico em uma pelada: BANDA SEU CHICO X POLITHEAMA. Os fãs de Chico, assim como eu, devem conhecer o bom e velho Poltheama.
Essa apresentação é uma vitória e tanto para todos nós da banda, e por isso compartilho-a com todos vocês.
Um cheiro.
quarta-feira, 13 de outubro de 2010
A mesma moeda
Outro dia, fui a uma reunião no Cinema da Fundação em pleno Festival de Cinema Infantil. Logo na entrada me deparei com uma leva de umas 15 crianças com duas professoras. De repente, dois garotos mais danado se danaram na frente falando mais alto que os outros. Ficou claro que por se tratar de um cinema a criançada havia sido alertado para a necessidade de silêncio...mas vocês sabem, crianças são crianças.
Aí vem o fato interessante. Quando os dois danados em questão começaram a falar alto a professora da frente soltou um berro estarrecedor:
- SILÊNCIO! NÃO PODE FALAR ALTO! EU JÁ DISSE! SILÊNCIO! (coloquei em caixa alta para dar uma pitada do grito que foi)
Todos que estavam ao meu lado esperando para subir se assustaram. E se entreolhando deixaram no ar: acabou tumultuando mais do que o garoto.
Aí eu, claro, me danei a filosofar: o que faz as pessoas acharem que combater algo na mesma moeda irá solucionar?
Ao combater a violência com violência não existe a possibilidade da violência deixar de existir naquele sistema. Talvez ela mude de fonte, isso sim. E o provedor da força violenta migre de uma pessoa para outra, ou de um grupo para outro.
Grito com grito. Berro com berro. Murro com murro. Ataque com ataque. Grosseria com grosseria. Vingança com vingança. Ódio com ódio. Raiva com raiva.
Alguns educadores acreditam que ao exaltar para uma criança que "não faça isso", o adulto está dando atenção e colocando em pauta a determinada coisa a ser evitada. O ideal seria "faça aquilo", deixando as alternativas mais fortes e presentes.
Aquela criança talvez obedeça a professora... enquanto for pequeno, mais fraco e sem autoridade. Mas assim que isso mudar, o grito terá um novo dono.
Aí vem o fato interessante. Quando os dois danados em questão começaram a falar alto a professora da frente soltou um berro estarrecedor:
- SILÊNCIO! NÃO PODE FALAR ALTO! EU JÁ DISSE! SILÊNCIO! (coloquei em caixa alta para dar uma pitada do grito que foi)
Todos que estavam ao meu lado esperando para subir se assustaram. E se entreolhando deixaram no ar: acabou tumultuando mais do que o garoto.
Aí eu, claro, me danei a filosofar: o que faz as pessoas acharem que combater algo na mesma moeda irá solucionar?
Ao combater a violência com violência não existe a possibilidade da violência deixar de existir naquele sistema. Talvez ela mude de fonte, isso sim. E o provedor da força violenta migre de uma pessoa para outra, ou de um grupo para outro.
Grito com grito. Berro com berro. Murro com murro. Ataque com ataque. Grosseria com grosseria. Vingança com vingança. Ódio com ódio. Raiva com raiva.
Alguns educadores acreditam que ao exaltar para uma criança que "não faça isso", o adulto está dando atenção e colocando em pauta a determinada coisa a ser evitada. O ideal seria "faça aquilo", deixando as alternativas mais fortes e presentes.
Aquela criança talvez obedeça a professora... enquanto for pequeno, mais fraco e sem autoridade. Mas assim que isso mudar, o grito terá um novo dono.
sexta-feira, 8 de outubro de 2010
Pois amar e cantar é o mesmo ofício
Cada vez mais me apego mais as músicas sobre felicidade e com felicidade.
Com uma poesia tão tocante quanto crua, rica, direta como um afago de mãe, reveladora como o colo da amada, Renato Teixeira é um artista que admiro imensamente.
Uma obra com a qual comungo a idéia de arte e poesia.
Deixo aqui uma música inspirada para inspirar o feriado de vocês.
"Então vamos que o tempo está passando
e o melhor nessa vida é ir andando"
Eita mundo bom!
quarta-feira, 6 de outubro de 2010
Um tapa ou uma flor?
Vejam que bonito.
Já faz algum tempo eu cultivo orquídeas - poucas na verdade (hoje tenho cinco), e com uma certa leiguice carinhosa. Ou seja, não entendo nada mas me esforço, tento.
Depois de uns dois anos cultivando a minha primeira danada floriu. Uma coisa linda. Uma vitória.
Aí, conversando com minha madrasta (tia, mulher do meu pai, segunda mãe) ela me sai com essa:
- Meu filho, a orquídea floresce quando está sob estresse. Quando você a estressa, ela floresce.
Puxa, achei isso genial. As orquídeas tem uma índole admirável.
Sob pressão ao invés de revidar ou atacar, elas florescem.
Quem dera as pessoas fossem assim.
Já faz algum tempo eu cultivo orquídeas - poucas na verdade (hoje tenho cinco), e com uma certa leiguice carinhosa. Ou seja, não entendo nada mas me esforço, tento.
Depois de uns dois anos cultivando a minha primeira danada floriu. Uma coisa linda. Uma vitória.
Aí, conversando com minha madrasta (tia, mulher do meu pai, segunda mãe) ela me sai com essa:
- Meu filho, a orquídea floresce quando está sob estresse. Quando você a estressa, ela floresce.
Puxa, achei isso genial. As orquídeas tem uma índole admirável.
Sob pressão ao invés de revidar ou atacar, elas florescem.
Quem dera as pessoas fossem assim.
Orquídea que floriu aqui em casa |
segunda-feira, 4 de outubro de 2010
Um poema inspirado
A solidão e sua porta
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),
quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o provisório.
Poema do inspirado poeta Carlos Penas Filho.
Boa semana a todos.
Quando mais nada resistir que valha
a pena de viver e a dor de amar
e quando nada mais interessar
(nem o torpor do sono que se espalha),
quando, pelo desuso da navalha
a barba livremente caminhar
e até Deus em silêncio se afastar
deixando-te sozinho na batalha
a arquitetar na sombra a despedida
do mundo que te foi contraditório,
lembra-te que afinal te resta a vida
com tudo que é insolvente e provisório
e de que ainda tens uma saída:
entrar no acaso e amar o provisório.
Poema do inspirado poeta Carlos Penas Filho.
Boa semana a todos.
sexta-feira, 1 de outubro de 2010
"God save the presidente"


Sei que no Brasil, com toda nossa situação é difícil assumir essa postura. Um político rouba e indica um amigo para um cargo para poder ter poder com o qual burla leis e compra juízes que soltam ladrões desmerecendo o trabalho de policiais que desacreditados no sistema se corrompem e geram uma insegurança e uma insatisfação enorme em todos e por aí vai...
Mas precisamos começar de algum lugar. O ovo ou galinha virá primeiro.
Assim, repito: tive ontem um enorme sentimento de orgulho de todos os candidatos e de nosso sistema político e democrático. E nesse instante, eu acredito nele.
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