quarta-feira, 23 de março de 2011

Arte, vazio e Wagner Moura

Ontem eu li a entrevista da revista Bravo com o ator Wagner Moura e fiquei radiante. Não por ser fã ou algo do tipo do ator (até sou um pouco), mas por enfim ver um artista discorrer sobre o ofício com propriedade.

Com a abertura escancarada dos portões do paraíso midiático, minha geração se apegou ao microfone, agarrou o danado com as duas mãos e desembestou a falar, tornando falar mais importante do que "o que" falar. Aí surgiram cabelos diferentes, óculos, trejeitos, roupas, corpo, gritos, bundas e todas as coisas do tipo munidas de opiniões vazias sem esmero algum. Um caminho bastante lógico e justificável, afinal, se o conteúdo não era mais analisado era preciso se tornar esteticamente interessante.

Esse momento parece que terá um fim, ou pelo menos, será menos arbitrário.

Não faço aqui um julgamento, longe de mim. Acho inclusive que esse movimento foi e é bastante natural. Em toda abertura exageramos um pouquinho para depois encontrar um ponto de equilíbrio.

Para mim, encontrar em uma importante revista nacional uma entrevista com uma das maiores celebridades atual demonstrando tanto conteúdo e integridade artística é encher-me de esperança e alegria. Segue um pequeno trecho:


Mesmo com participações pequenas com uma ou duas falas, ele fazia um estudo psicológico intenso, traçando tudo o que os personagens tinham vivido até o momento em que apareciam em cena: "Se meu personagem dizia: 'Esta festa está ótima', eu construía a história do personagem até o dia em que ele chegou àquela festa e disse aquela frase", diz.


Assim foi com Romão, protagonista do filme O caminho das nuvens (2003). Para viver o papel, não bastava saber que seria pai de cinco filhos, casado, desempregado, com orgulho e teimosia... Wagner refez toda sua trajetória, imaginando onde ele tinha nascido, como era a casa em que vivia e por quais situações havia passado até chegar onde estava. Ao fim do processo, Wagner se surpreendeu com a frase que encerrava seu escritos: "Romão é você". Recentemente, ao revisitar os rascunhos dos vários personagens, ele descobriu a mesma frase ao fim de cada caderno onde escreve a biografia deles: "Taoca é você", "Zico é você"...




O artista está conectado à poesia da obra que cria ou executa. A intensidade, entrega e conexão com todo o processo artístico é o que faz pulsar e dar cor real ao palco. Que muitos Wagner Moura apareçam... no teatro, no cinema, na música, nos livros, nas telas, nos palcos.

5 comentários:

  1. Também fiquei radianta com a noticia =)
    Dá quase pra ter esperanças na classe =)

    bjos =**

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  2. O ser humano não é oco; é macio. Sinta
    Valeu, Azul

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  3. Que lindo Khalil. Guardei essa pra mim.
    Saudades de vc amigo

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  4. Seja muito bem vindo "wagner Moura" da arte e do palco(RIVAL). Quando vcs estam lá mostrando arte numa entrega mágica, vc luminoso e essa banda sagrada, também me enche de esperança e alegria a espera de mudanças nessa geração q virá.
    Mil bjs
    Sissi
    P.S-TEM UM BEBÊ NA MINHA BARRIGA Q JÁ É FÃ DA SUA BANDA E DO CHICO (já foi a dois shows e ama o DVD)

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  5. O WM é um ator visceral. Tem uma inteligência rara, é diferente dos outros atores, não é medíocre.
    É um ótimo orador e sintetiza de forma brilhante seus pensamentos sempre coerentes.
    É um artista raro, um diamante.

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