quarta-feira, 16 de dezembro de 2009

Show

É comum os artistas / músicos se dividirem entre a criação e a execução.

Existem aqueles artistas como Chico Buarque cujo maior prazer é a criação: compor as canções, pensar no disco, ensaiar, arranjar. E outros, como Maria Betânia, que se superam no momento do show, no contato com o público, no momento do show.

Eu sou o cara que fica exatamente na dúvida!

Tenho o imenso prazer na criação, que é de onde eu vim e o que me possibilitou estar aqui. Assim que aprendi a escrever fiz um poema de poucas palavras (e não parei mais). Com os três primeiros acordes que aprendi no violão fiz uma música. Esse sempre foi meu instinto.

Alguns anos atrás, no entanto, a BANDA SEU CHICO me abriu um novo horizonte: o show. Começamos a fazer bastante shows com a criação da banda e eu comecei a me sentir mais a vontade ainda no palco. Por estarmos trabalhando com uma música pré-existente uma liberdade diferente tomou conta das apresentações: a descontrução, a participação do público, o improviso.

Em determinado momento ficou tão divertido que nós do grupo resolvemos abraçar de vez a imprevisibilidade: e aí eu me encantei mais. Fizemos um ano ininterrupto de shows no UK Pub - em Recife. Foram tempos de riqueza. Nessa temporada não tínhamos repertório e entrávamos no palco com a certeza de que tudo podia mudar de repente.

Se eu estava num dia irritado puxava a música com força e ela explodia de repente. Se Vitor (Vitor Araújo - pianista) estava inspirado mudava as harmonias, inseria trechos de outras músicas, crescia, caía...eu acelerava, eu encurtava, um solo inesperado, Cupim (Bruno Cupim - percussionista) mudava o ritmo. Em alguns momentos, quando o público se superava, parávamos e deixavamos o público guiar. Era mágica.

Hoje carrego essas vontades e sempre que posso resgato a liberdade que me levou ao palco. E quando estou para começar um show - com pouca ou muita gente, pouca ou muita estrutura, e sinto essa magia no ar, já começo em êxtase.

Um comentário:

  1. É essa liberdade de criar, improvisar e permitir que vc seja verdadeiro com vc mesmo, que te faz um artista tão admirável e um homem bom.

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