terça-feira, 30 de março de 2010

Bêbado? Quem? Eu?

Quando eu era pequeno, notei que a maioria das pessoas bêbadas não percebiam que estavam bêbadas. Isso me colocou uma pulga atrás da orelha e ainda criança ficava pensando: e quando eu estiver bêbado como vou saber que estou bêbado? Passei a infância com esse questionamento.

Não sei bem quando, talvez na adolescência, ou saindo dela que é somente quando começamos a receber resposta real para algo, alcancei uma solução satisfatória: observando as coisas ao meu redor.

Acredito hoje que fechar-se em próprias conclusões é falível... demais. Claro que precisamos tomar decisões individuais e assumir nossos riscos, mas não tomar o nosso habitat como referência é um suicídio.

Quando as coisas perto de mim começam a desmoronar sei que algo está bêbado, e muito possivelmente eu. Quando todos começam a apontar o meu zique-zague sei que devo estar zonzo. E assumo isso mesmo quando sinto ter razão. Não creio no acaso e se todos me vêem diferente do que me vejo não devo ser bem como imagino ou, no mínimo, não soube me expressar da forma que desejava.

Um homem se mede pelo fruto e não pelas palavras, discurso ou fé.

As palavras, discursos ou fé que não geram felicidade a si e aos mais próximos ao menos devem estar bêbadas.

Simples, bem simples e direto: ouço o delicado barulho das coisas e pessoas. Quando os copos começam a trincar, cair da mesa, as garrafas a secar e as pessoas não entendem mais o que digo, estou bêbado.

2 comentários:

  1. "Quando as coisas perto de mim começam a desmoronar sei que algo está bêbado, e muito possivelmente eu"
    Sintetizou tudo.

    Se eu tivesse notado antes que as pessoas bêbadas não sabem que estão bêbadas talvez eu nunca tivesse bebido.

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  2. Nunca entendem o que eu digo. Talvez uma pessoa, e alguns livros e filmes me entendem. Entendem meus gritos, minhas filosofias... talvez o mundo a minha volta esteja bêbado, de vulgaridades; talvez eu tenha encontrado no bêbado por álcool o equilíbrio: não me entendem, e não os entendo. Continuo sendo o que sou, e não me importa mais que o eu que vêem em mim não seja o que sou, até porque jamais conseguiria ser pros outros o que sou pra mim. Você já viu as pessoas lerem o livro da mesma forma?!

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