terça-feira, 18 de maio de 2010

Se torne pastor em duas lições

Algumas vezes, perdido no trânsito ou no "zap" da televisão eu paro em canais de igrejas e assisto ou ouço por algum tempo. Acho interessante observar o comportamento, as promessas, a linguagem e o brilho nos olhos. Percebi de antemão que esse canal de comunicação não é destinado as pessoas que se encontram tranquilas e atentas, mas aos angustiados e perdidos. Outro fator, no entanto me chamou mais atenção: a falta de cultura e instrução da maioria dos pastores.

Por favor, não quero de forma alguma generalizar. Sei que cada igreja é um mundo completamente diferente uns dos outros e sou totalmente a favor das igrejas.

No entanto, de uns tempos para cá, a facilidade de abrir uma igreja gerou fatos interessantes, e um deles é a facilidade com que se formam pastores. Puxa, daqui a um tempo alguma igrejas não terão mais fiéis, só pastores. E com isso se abriu um precedente perigoso: a falta de instrução.

Vez por outra, pare em alguma rádio de igreja e preste um pouco de atenção na conversa. Costuma ser rala, superficial, sem conteúdo, sem instrução. É como um semi-analfabeto ensinando o pouquinho que sabe. Até acho isso bonito, mas torná-lo referência do que é um "professor" é um perigo gigante.

Vejo que na contemporaniedade estamos perdendo nossas referências. Na busca insensata de velocidade estamos perdendo conteúdo.

Um dia esperando minha mulher fiquei ouvindo um pastor auxiliando uma mulher. "É o meu marido, ele é fogo. Sai com os amigos, adora os amigos, me incomodo demais. Assim, ele não bebe, nem se droga e tá bem no trabalho. Mas eu queria que ele ficasse mais comigo, sabe? Ele não fica o tempo inteiro comigo". Eu achei a mulher uma possessiva maluca e fiquei ouvindo o pastor concordando e dizendo umas besteiras para não ficar calado. Eu juro, era uma conversa de dondocas cheias de lamentação sem sentido. E dessa forma, na minha visão, algumas igrejas viraram conversa de mesa de bar.

Imagino que outra igrejas ainda levam a sério esse "ofício" e buscam formar líderes com talento e instrução. Esse, na minha opinião, é um papel muito forte e decisivo na vida de várias pessoas que o ouvem com o coração aberto. Antigamente, conseguir virar padre requeria muita dedicação, esforço, estudo e talento. Era difícil, uma batalha a ser vencida. Era preciso estudar bastante e conhecer muito do assunto para passar um pouquinho com segurança e convicção.

Espero que alguma igrejas levem isso a sério e formem bons instrutores da vida que não digam apenas o que os fiéis desejam ouvir - porque de políticos em busca de votos estamos cheios.

4 comentários:

  1. Concordo com vc, mas tb concordo que a maioria das pessoas quando busca uma Igreja, está confusa, angustiada e com isso busca mais conforto, colo... e nesse momento de angústia pouco se ouve, nessa hora a busca é por acolhimento apenas. Acho que no caso da mulher possessiva, seu desejo era de falar, falar e ser apenas ouvida, pouco importa o que o outro diz.
    Talvez ai esteja a salvação das Igrejas.
    Mas precisamos de fato de referências, de sermos ouvidos por bons ouvidos.

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  2. Concordo e achei muito bom a não generalização. Só um parênteses, para ser Padre ainda é difícil, no seminário o cara faz duas faculdades: filosofia e teologia,são 8 anos. O ruim é ver tanta gente entrando de olho em sair filósofo e tradutor de latim e até mesmo na "profissão" de forma errônea... o bom é que a igreja está reconhecendo e vai aumentar a análise psicológica dos seminaristas.
    Bjs Azul!
    *Um dia explica o pq do seu nome? rs bjs

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  3. Essa semana vinha com meu marido no carro, zapeando rádios e parei numa pq me chamou muita atençao. Eu ouvi o pastor tirando o espírito da "alergia". Sim, você não leu errado. Ele literalmente exorcizou o espírito da alergia. Fiquei pensando em como seria esse espírito e juro que não aguentei e comecei a rir, mesmo com todo respeito que tenho pelas religiões. Mas tem coisas que só vai rindo.
    Abraços.

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  4. Concordo com todos (menos com o espírito da alergia). Eu tentei deixar claro no texto a minha não generalização, porque sei que existem igrejas (pessoas) sérias, verdadeiramente altruístas.
    Sei que muitas vezes um conforto é suficiente, poucas palavras. No entanto penso que existem duas formas de se dar esse conforto religioso: pela sorte e pela convicção. A primeira forma é a do leigo, da pessoas sem instrução e talento, que pode acertar aqui mas errará feio acolá. A segunda é a da firmeza e da convicção, a pessoa que "sabe" o que está fazendo e se entrega a isso.
    Não sei se me faço entender bem, é que esse assunto é bem complexo.

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