quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Brasil otimista

Dois posts atrás, estava falando sobre propaganda e afirmei que acreditava que com o caminho atual da sociedade a propaganda seria obrigada a se adaptar a novos conceitos mais humanos. Uma amiga leitora ressaltou o meu lado otimista e disse que não via a sociedade como eu. Bem, queria explicar melhor o meu ponto de vista, porque vejo com bons olhos o futuro (queria também agradecer a minha amiga que ao dar sua opinião sincera nos coloca em rica troca de informações e ainda me põe pra pensar mais).

A referência exagerada acaba com qualquer ponto de vista positivo. Pensar no Brasil em comparação com a Suíça, Alemanha, Inglaterra e similares é mesmo desesperador. São países plenamente desenvolvidos e educados socialmente e hoje assumem problemas diferentes dos nossos. Estamos em outro patamar. É necessário que olhemos um pouco para o nosso próprio umbigo.

Pensando em Brasil acho que melhoramos muito e em pouco tempo. Tenho vários exemplos para isso.

Lembro que quando criança era comum jogar lixo pela janela do carro, qualquer coisa. Todos jogavam, com raríssimas excessões. Hoje, é exatamente o inverso. E quem se atrever a tais atos despreocupados corre o alto risco de levar um esculacho no meio da rua (e já vi isso acontecer várias vezes).

Outro dia, fui escovar os dentes na casa do meu irmão e o meu sobrinho de 5 anos ficou fulo da vida comigo, reclamando em alto e bom som porque eu estava gastando a água do planeta sem cuidado (não fechei a pia enguanto escovava). Fiquei abismado com aquilo:  -É a escola rapaz, explicou a mãe do danado.

Na minha geração quase todos levaram palmadas ou verdadeira "pisas" dos pais. Era normal em meninos trelosos. Eu apanhei um bocado (sem maldade e sem força alguma, mas o psicológico da palmada e do grito). Quem em outros tempos nunca viu um menino levando umas palmadas em lugares públicos? Agora, desafio, vai tentar dar umas palmadas no teu filho no meio do Shopping. É capaz de ser presa e tudo. Ou seja, o cuidado ficou maior.

Xingar ou desmerecer publicamente um negro é crime. Daqui a mais um pequeno tanto, fazer o mesmo com homossexuais será também. Mulheres tem uma delegacia especializada e quem se atrever a bater nelas vai direto pro xilindró.

É proibido andar armado e quem for pego com armas tá fudido. A legislação no transito está rigorossísima. Nem um gole de álcool é tolerado na direção. E até na política estamos vendo como nunca as escrotices divulgadas a revelia dos chefões que sempre as escondiam do nosso conhecimento. E por fim, sem politicagem, e sem saber se será um bom governo ou não, uma ex-militante torturada e presa assumiu o mais alto cargo do país - e agora temos de fato mais de um grupo em disputa pelo poder do país, o que nos dá um real conceito democrático: a disputa.

Puxa, isso não é um bom caminho?

Claro que nenhuma dessas melhoras está em excelência. Várias ainda cheias de defeitos, parcialmente realizadas, com diversas excessões. Mas, caramba, agora elas existem. Antes eram apenas prospecção, sonho, imaginação. Hoje é uma realidade que trabalhamos para ampliar, melhorar, estender. Conquistamos algo, precisamos reconhecer nossos méritos.

Pensando na França estamos muito longe. Mas, gente, pensando em Brad Pitt eu sou um cara horroroso e em Mozart um desgraçado sem talento. Então, olhando para o meu umbigo um pouco e entendendo minhas limitações, eu sou até bonitinho.

6 comentários:

  1. Tibério,
    Você vê o mundo com olhos líricos, olhos de poeta que consegue enxergar o mais belo no feio. Isso é um diferencial.
    Tens razão quanto às nossas "evoluções", mas o povo ainda tem tantooooo a aprender e a evoluir...
    Parabéns pelo texto!

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  2. Olá Tibério!!!Na vdd qdo li e escrevi no seu blog, nem pensei em comparar o Brasil com qq outro país... pensei de fato nos acontecimentos daqui msm... pois bem...Eu devo estar na cidade errada, ñ é possivel, pois presenciei uma criança com um pacotinho de papel na mão, ela perguntou à mãe onde poderia jogar... a mãe, sem demora o jogou no chão... se livrou do problema, agora ñ era mais dela.Volta e meia a mulherada "varre" a calçada de suas casas com a mangueira de água... fim de semana, é dia de lavar os carros... To fazendo CFC para tirar a carteira de habilitação e agora percebendo o trânsito de forma mais técnica, vejo q ta td errado... ( É proibido dirigir sob efeito de álcool) e daí?! Parou-se de consumir ácool por isso, diminuiu, mas pq mexe no bolso $$$. Perguntei pro meu professor se ele sabia de algum caso de punição para crime de trânsito, veja bem, crime, ele me respondeu q estão acompanhando um caso q possivelmente o condutor será punido... mas q até agora ele desconhece... e poderia dar tantos outros exemplos... concordo com vc q tem gte boa nesse mundo q luta por um mundo melhor... eu até tento acreditar q pode melhorar, se eu não acreditasse, juro q teria mudado de profissão... e só para finalizar, e ñ vo colocar dessa vez nenhuma explicação: EU Ñ ACREDITO Q VIVAMOS EM UMA DEMOCRACIA... talvez, qdo eu estiver inspirada escreva um post sobre isso no meu blog... aí eu te aviso, para o caso de vc se interessar pelo tema... Chero... rs...

    MAG

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  3. Olha, eu não discordo de você não, acho que tudo que você citou existe mesmo. Só acho também que antes era pior!
    Mas Mag, obrigado pela sua presença ativa. Assim é que é mesmo um blog.

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  4. Acho que temos que ser otimistas, mas sempre realistas. Não devemos deixar de valorizar os progressos que tivemos com o nosso país, em nível de cultura, reconhecimento no exterior, crescimento econômico e político.
    Mas a questão é que ainda tem muita coisa para ver, e talvez aqui entre a propaganda que, por um lado é extremamente útil e funcional, mas também pode ser como uma armadilha. Você escreveu sobre a propaganda que atua conectando o interessado no interesse, ‘eu tenho o que você quer’. Mas existe um lado um tanto perverso da propaganda, que pode ser muito bem aplicado no nosso Brasil, que é aquela em que pequenas coisas boas são potencializadas, enquanto o ‘podre’ fica por debaixo dos panos.
    Acho nosso país lindo, maravilhoso, amo o nosso povo e nossas diferenças, mas tem muita coisa errada por aqui, e não podemos deixar passar batido. Como você disse, óbvio que não é o caso de nos compararmos à uma Suíça, ou França. O caso é, enxergar além do superficial.
    Uma situação um tanto delicada que expõe essa idéia é o que vem acontecendo no Rio de Janeiro. Seria mesmo o caso de nos sentirmos honrados pela atitude dos polícias/militares? A questão é: deixou-se a situação chegar a tal ponto, e agora teve de ser resolver da maneira mais agressiva. Mas não vou me aprofundar aqui, é um assunto complicado. Mas fica a reflexão, se entendeu o que eu quis dizer.
    Não jogar o lixo nas ruas não deveria ser uma ação que as pessoas achem louvável, deveria ser hábito. É bem como quando você entra em um ônibus lotado e alguém se oferece para carregar sua mochila, você fica até espantado com o ato de bondade (ao menos aqui em São Paulo), mas isso deveria ser o natural. Então o que hoje valorizamos ainda é muito pouco perto do que podemos chegar.
    Não quero passar uma imagem de pessimismo. Pelo contrário, sou muito otimista de pensar que hoje temos potencial para enxergar isso. A questão é não nos contentarmos nunca, pois podemos ser sempre melhores do que somos agora.

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  5. Tibério,
    Só uma deixa:
    Ontem foi o dia nacional do samba...será que o tema não renderia um ótimo post?
    bjs!

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  6. Acho que a tendência, na verdade, é cada vez nos ausentarmos de uma convergência plena sobre qualquer coisa. A quantidade de informação ao nosso redor aumenta exponencialmente em relação à nossa capacidade de formação de conhecimento, e de forma extremamente desorganizada. Hoje uma pessoa tem um estalo e em 10 segundos uma grande parcela da população mundial pode ter acesso a essa epifania. A velocidade entre o evento e sua publicação é proporcional à velocidade da necessidade de respondê-lo, de modo que há cada vez mais pessoas expondo suas impressões impulsivamente e sujeitando-as a críticas, num processo quase que instantâneo.
    Resumindo (e trazendo ao prisma do tema do post), acho que a sintonia entre pontos de vista será cada vez mais complexa para ser alcançada. Isso não é bom nem ruim, mas para conformar um processo evolutivo decente, exigirá muita tolerância de todos.
    O problema todo é que por alguma razão a tolerância é incompatível com o ímpeto.
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    É mais fácil alguém tecer todo um contra-argumento em poucos minutos de reflexão do que ler, reler, tentar esclarecer alguns pontos dúbios e, então, contra-argumentar, se for o caso.

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