segunda-feira, 9 de maio de 2011

De nossa parte nos cabe fazer a nossa parte

Um texto para inspirar a semana de todos. Boa semana:


Certa vez eu e um primo estávamos passando quando vimos um garoto, encolhido, cabeça baixa, aos prantos. Não resistimos e paramos o carro:

- Fui assaltado. Levaram tudo o que ganhei hoje e ainda as pipocas que estava vendendo. Se voltar assim meu pai vai me bater, disse o garoto com um choro e olhar comoventes.

Colocamos o menino no carro, fomos em casa, pegamos um lanche, roupas, tiramos dinheiro. No caminho da casa dele (na verdade perto da casa, na comunidade), conversarmos, falamos da importância da escola e coisas do tipo. Fizemos um pouco e seguimos nossas vidas.

Semanas depois soube que um garoto estava enganando as pessoas através de um choro convincente e história de roubo com detalhes idênticos a nossa experiência. Eu e meu primo ficamos chocados e depois de um tempo de silêncio concluímos:

- Bem, de nossa parte nos cabe fazer a nossa parte. O resto não é mais conosco.

Remeto essa minha experiência a história do sábio que certa tarde chegou à cidade de Akbar. As pessoas não deram muita importância a sua presença, e seus ensinamentos não conseguiram interessar a população. Depois de algum tempo, ele tornou-se motivo de riso e ironia dos habitantes da cidade.

Um dia, enquanto passeava pela rua principal de Akbar, um grupo de homens e mulheres começou a insulta-lo. Ao invés de fingir que ignorava o que acontecia, o sábio foi ate eles, e abençoou-os.

Um dos homens comentou:

- Será que, além de tudo, estamos diante de um homem surdo? Gritamos coisas horríveis, e o senhor nos responde com belas palavras!

- Cada um de nós só pode oferecer o que tem – foi a resposta do sábio.

12 comentários:

  1. Há muitos casos de pessoas tentando enganar com falsas afirmações. já passei por isso e é muito triste saber que fizemos nossa parte para uma pessoa não merecida.

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  2. Eu sempre acreditei que perde quem engana e não quem age com o coração.Fico triste pelas pessoas que se comportam assim, mas procuro fazer minha parte sempre pensando que ainda existem muitas pessoas boas nesse mundo e muitas delas precisando de ajuda.

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  3. Mas qual é a situação real desse menino?! Qual é a história de vida dele?! As pessoas ajudam porque?! Pra benefício de quem?! Vcs têm certeza q é somente a ajuda ao próximo?! Pq, a mim, soa mto bem 'fazer a minha parte'... Ñ consigo entender oq seria a minha parte!

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  4. Mag, que bom que você voltou a ativa.
    Olha, o que eu quero dizer com fazer a nossa parte, é tomar atitudes sem condicionar o outro. Ou seja, eu não posso ser justo apenas quando o outro for justo, ou bondoso apenas quando julgar que o outro é merecedor de bondade.
    Acredito que precisamos assumir nossas posturas sem tanta razão ou justificativas.
    O que eu quis dizer na minha experiência é que não podia desmerecer uma ajuda porque a pessoa tinha atitudes diferentes das que eu cogitei.
    Hum... isso dá um post.

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  5. Graça é favor imerecido diz a bíblia, vocês agiram com Graça! é isso aí! Um abraço! Derik

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  6. Tiba, mais um excelente texto, a pergunta que se extrai dele é: qual é exatamente nossa parte??
    Lembrei-me das palavras de Chico Xavier:
    "A disciplina é a base na realização da caridade."
    Porque a disciplina??? como a disciplina entra nessa história??? Se um jovem nos pede ajuda em dinheiro e com ele compra crack, ou compra um canivete e realiza um assalto, que parte fizemos exatamente??
    O problema é que somos caridosos na maioria das vezes de acordo com a demanda, alguém nos pede, nós atendemos na medida que podemos, e muitas vezes sequer sabemos que tipo exatamente de caridade aquela pessoa precisa.
    Óbvio, que ao atender alguém numa necessidade premente e emergente temos que agir conforme a demanda, mas a lição de Chico é para nos conscientizarmos do nosso real papel na sociedade, ou seja, qual a nossa parte??? Nos disciplinarmos até para ser caridosos, conhecer os verdadeiras necessidades, planejarmos e aí sim, como disse o sábio, oferecermos o que temos de melhor.
    Lição difícil essa, mas uma excelente LUZ a ser seguida.

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  7. Adorei o texto, e é o que sempre digo, cada um só dá o que tem, nem mais nem menos, cabe a nós saber com quem estamos lidando.
    Eu também conheço esta pessoa descrita pelas ruas do Recife, é carinha fácil, vc fez sua parte, porque tem bom coração, continue assim iluminando os caminhos por onde passar.

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  8. Pois é, Tiberio. Ja passei por algo parecido. E o que fica mesmo, é a certeza de ter feito o que me cabia fazer naquele momento. Que nem você. Independente das atitudes futuras da pessoa, naquele momento, tu fez o que julgou correto.

    Lhe admiro, moço do sotaque bonito =)

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  9. Mas o meu questionamento,Tibério, gira em torno do que se pode ser feito pra mudar a vida do menino... pq botar uma roupa nova, dar um lanche, parece-me somente um paliativo... a fome vai voltar, a roupa vai rasgar; daí eu pergunto, 'qual foi a minha parte?', 'oq eu preciso fazer para q haja uma real transformação da criança?'... Nem preciso reposder... Concordo com a colocação feita pelo Túlio de que "O problema é que somos caridosos na maioria das vezes de acordo com a demanda" e de precisamos nos "conscientizarmos do nosso real papel na sociedade"... e o nosso real papel na sociedade é o de TRANSFORMAÇÃO...

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  10. E eu acho uma visão simplista pensar uma sociedade tão complexa, com a frase 'cada um só dá o que tem'... mas pode ser q td seja simples msm, mas não em minha cabeça... :) ...

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  11. Esse é um assunto gigante mesmo.
    Na minha opinião, sincera, a sociedade se muda sendo um bom cidadão, e não é necessário que nos tornemos super-cidadãos.
    Caridade é outro assunto que me encuca também.
    Bem, vou escrever um post sobre isso.
    Cheiro

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  12. "Ser cidadão não é viver em sociedade, é transformá-la." (Augusto Boal)

    Eu não acredito em super-cidadãos... (Mag)

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