sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Uma entrevista antiga

Achei essa entrevista um tempo atrás, li de novo e fiquei com um gosto de nostalgia no ar. Falava da Mula Manca (hoje está parada) e da Seu Chico (que tava começando). Acho que a entrevista foi em 2008 (no comecinho dele).

Bem, resolvi compartilha-la com vocês. 

A entrevista foi realizada pelo blog "' Outros Críticos", que tem diversas outras entrevistas bem legais.

Quem quiser ver mais, vai lá: Outros Criticos

Segue:





Rennó entrevista Tibério Azul, grupos Mula Manca e Seu Chico


Tibério Azul fotografado por Cécile Duchamp.

“ele canta como cantam os velhos poetas da tradição: alma, sangue e coração” – Alberto Infante, Diário Austral.
“que mal há em fazer sucesso cantando outrem? eles são jovens, e jovens são espertos” – Barbara Woolfer, Revista de Cinema.
“Chico tá sabendo o que eles estão fazendo?” – Albert Chevalier, Le monde Decadence.

“sambas surreais e surreais sambas ou outra coisa... ” – Oscar & Pablo, Caderno Cultural.
“Poemas de rua e mar... Pena que não cheguem ao coração da turba...” – Clarice Flor, Suplemento Palavra.
“Adoro ser triste com eles, adoro ser fabuloso com eles, e comecei a ouvir Chico com eles” – Anônimo, Fã Clube.
“Recife já foi uma cidade de invenção, pena cair - aos poucos - na mediocridade das bandas covers, mas dirão que eles não são covers” – Poeta Anônimo, Clube de Literatura dos Corações Solitários do Sargento Carrero.



Depois de um novo período de férias criativas... Volto com mais uma entrevista... Depois de idas e vindas, eis a entrevista com o poeta e músico dos grupos Mula Manca e a Fabulosa Figura Seu Chico. Tibério Azul responde as perguntas que fiz a algum tempo... Espero que ele não se ofenda com as críticas dos meus colaboradores, eles estavam ansiosos por uma nova entrevista... Na próxima semana teremos a banda carioca Do Amor, mas agora vamos com os recifenses...

Júlio Rennó: Vocês lançaram o disco "amor e pastel" no ano de 2007, além disto, mudaram o nome da banda (trocando "triste" por "fabulosa"). O que virá de fabuloso no ano de 2008?
Tibério Azul: O que virá em 2008? Essa é uma pergunta que nós fazemos também. Na verdade, as nossas mudanças são naturais e espontâneas, sem premeditações, basicamente coração. Por isso é difícil dizer o que dirá. E eu, particularmente, também fico imaginando curioso o que será que danado eu vou me meter a fazer em 2008. E em 2009?

Rennó:
 Gostaria que vocês falassem sobre o termo "banda paralela" (Alguns integrantes da Mula Manca tocam no Seu Chico, banda que toca canções de Chico Buarque).

Tibério:
 Isso. A SEU CHICO é uma banda que surgiu a partir da Mula e deu os seus passos próprios. Hoje ela segue um caminho individual, com outros integrantes, outras idéias e projetos. Podemos dizer que ela era a banda paralela, e hoje é a "banda amiga", uma coisa mais parecida com um caso de amor.

Rennó:
 Na Mula Manca, as composições nem sempre são cantadas pelo integrante que as compõem, desse modo, vocês quebram com uma tradição na música popular; exemplos como Beatles e Los Hermanos, onde o integrante que faz a música acaba por também cantá-la. Esta é uma decisão pensada?

Tibério:
 Na verdade, é um processo natural. Pensamos assim, cada integrante tem a sua função, a sua área de atuação, o seu reinado. Mas não somos individualistas. Eu canto a maioria das músicas mas acho que em determinados momentos a voz de um outro integrante traz força e descanso à narrativa do disco e do show. Vejo esse ponto como uma riqueza enorme. Inclusive no nosso disco temos uma convidada cantando uma música. Ou seja, pensamos na canção e no ritmo do trabalho - show ou disco.

Rennó:
 O músico e produtor Kassin (integrante do grupo Kassin+2 e produtor de discos dos Los HermanosCaetano etc) disse em uma entrevista que a música nunca deveria ter saído do formato LP. O que vocês pensam dos novos formatos da música? Ainda compram LPs? Ainda compram Cds?

Tibério:
 Acho que a mudança é natural e incontrolável. Às vezes não gostamos do avanço do mar, das imensas ondas ou de sua calmaria exagerada, mas, o que podemos fazer? Podemos entender, nos preparar, nos organizar e fazer nossos planos com base na realidade. A internet é uma realidade. A violenta evolução tecnológica é uma realidade.

Um verso, uma cena de filme e uma voz bonita e estranha por Mula Manca e a Fabulosa Figura:

O verso é mais uma resposta dada por um grande poeta:
"Eu não sou qualquer artista, eu sou um artista brasileiro. Eu não sou qualquer artista brasileiro, eu sou um artista nordestino. E não sou qualquer artista nordestino, sou pernambucano".
João Cabral de Melo Neto
Cena de filme poderia citar qualquer cena do poético e vibrante robô catador de sobras WALL-E.
Voz bonita é aquela que toca e fala com um eu seu guardado. Voz estranha é aquela que toca e fala com um eu seu guardado. Quão bem nos conhecemos e nos desconhecemos, não? Isso é poesia e nós somos a poesia do mundo. Ah, mas se precisamos de uma voz cantada: Louis Armstrong

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