quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Dói mais em quem?

Conversando com uma pessoa ontem ela exaltava a "imensa dor" que sentia e eu disse que todos sentiam igual, já que a dor dela é a dor universal, da solidão e do medo. A pessoa ficou curiosa e não entendeu, mas é basicamente isso mesmo.


Hoje acordei pensando sobre isso. Como podemos saber se algo dói mais em nós  ou se outras pessoas aguentam melhor a dor?


Quando algo nos dói imaginamos que é uma coisa imensa, incrível. Não cogitamos que outras pessoas passaram por algo semelhantes, nem tampouco que saíram ilesas, ou pelo menos menos feridas do que nós. E que delas poderíamos receber chaves funcionais, caminhos alternativos. Devíamos cogitar ao menos essa possibilidade.

Será que a dor em nós é tão sagrada que ninguém possa ter vencido algo semelhante?

Quando era bem novo, e bastante angustiado, li pela primeira vez um livro de Clarice Linspector. Meus olhos brilharam e um pensamento passou sorrindo por mim: Olha aqui alguém mais sofrido do que eu. Desse dia em diante comecei a achar que o sofrimento é algo comum e quase que em comum.

Essa é uma das questões que eu não consigo achar resposta. Não sei se coisas doem mais em alguns, se algumas dores são maiores ou se certas pessoas as suportam com mais facilidade.

Mas acho providencial manter essa pulga atrás da orelha para quando meu coração apertar.

3 comentários:

  1. Eu tbm não tinha pensado por esse lado.Quando sofro por alguem,brigo,grito...Mas não penso que a outra pessoa pode estar sentindo o mesmo que eu.Com certeza depois de ler seu texto,vou pensar duas vezes antes de magoar alguem.Adoro seu blog.Bjo0ks

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  2. Saiu uma pesquisa essa semana falando sobre a influência genética na determinação do pessimismo (http://migre.me/3Qxon). Bom, eu não sou adepta do cientificismo e acredito que as coisas não são bem assim. Mas concordo plenamente com seu ponto de vista. Porém, não sei se trata de uma 'tolerância' a dor ou se é uma disposição. Costumo reparar o quanto algumas sofrem por pouco e outras são naturalmente indiferentes a praticamente tudo.

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  3. Acho que se soubermos analisar o sofrimento, compreenderemos que ele sempre traz uma lição. Eu mesma sei que se não passasse por sofrimentos ainda seria tão orgulhosa e egoísta quanto a tempos atrás. Sofrimentos são necessários, são aprendizados e se passamos por eles é sinal que temos capacidade de vencê-los.

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